A
Organização Mundial de Saúde (OMS) reúne, esta quarta-feira, na Suíça o comité
de emergência para avaliar se o surto de coronavírus com origem na China
constitui uma emergência de saúde pública internacional.
O novo vírus que causa
pneumonias virais e já infetou pelo menos 444 pessoas e provocou 17 mortes.
Eis algumas perguntas e
respostas sobre o novo coronavírus detetado na China:
São uma larga família de
vírus que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos
mamíferos) e que no ser humano normalmente causam doenças respiratórias, desde
uma comum constipação até a casos mais graves, como pneumonias. Os coronavírus
podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maioria das estirpes de
coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos.
Aliás, até agora, apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares
existentes é que passaram a barreira das espécies e atingiram pessoas.
O
que é o novo coronavírus da China, com o nome 2019-nCoV?
Trata-se de um vírus da
mesma família do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (que provocava
pneumonias atípicas e atingiu o mundo em 2002-2003) e da Síndrome Respiratória
do Médio Oriente, em 2012.
VER MAISEstes dois tipos de coronavírus são até agora os que
tiveram capacidade de atravessar a barreira das espécies e de se transmitir a
humanos e que apresentam quadros de alguma gravidade, explicou à agência Lusa o
pneumologista Filipe Froes.
Como
surgiu o novo coronavírus?
Os primeiros casos
apareceram em meados de dezembro na cidade chinesa de Whuan, quando começaram a
chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral. Percebeu-se que todas as
pessoas trabalhavam ou visitavam com frequência o mercado de marisco e carnes
de Huanan, nessa mesma cidade. Ainda se desconhece a origem exata da infeção,
mas terão sido animais infetados, que são comercializados vivos, a transmiti-la
aos seres humanos.
Porque
é que muitas destas infeções surgem na China?
O pneumologista Filipe
Froes explica que na China existe ainda uma "proximidade e promiscuidade
grande" entre animais e pessoas, com convivência muito próxima e com
muitos locais a vender animais vivos para consumo humano.
No caso dos coronavírus,
para o vírus passar a barreira da espécie, é necessária uma elevada carga viral
e uma grande proximidade entre animais e pessoas.
O
que se sabe das formas de transmissão, contágio e sintomas?
Inicialmente, as
autoridades de saúde chegaram a pensar que não havia transmissão entre pessoas,
até surgir o primeiro caso de transmissão entre marido e mulher. A Organização
Mundial da Saúde já admitiu que há transmissão entre humanos, mas ainda não há
evidência clara de que forma se transmite.
Filipe Froes esclarece
que estes vírus se transmitem geralmente pela via respiratória e afetam
sobretudo o trato respiratório, especialmente os pulmões nas formas graves.
O pneumologista e
intensivista português entende que, habitualmente, estes vírus vão-se adaptando
aos hospedeiros à medida que se transmite. Como tal, para garantirem a sua
transmissibilidade tornam-se menos virulentos, sendo portanto menos agressivos.
Ou seja, à medida que se aumenta a transmissão, também o vírus torna-se menos
violento.
Os sintomas destes
coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar
geral e dificuldades respiratórias. Nos casos confirmados inicialmente, 90%
apresentaram febre, 80% tosse seca, 20% falta de ar e só cerca de 15%
apresentaram dificuldade respiratória.
Qual
o grau de mortalidade do novo coronavírus?
Segundo os dados
atualmente disponíveis, a mortalidade do novo coronavírus situa-se nos 1,5%,
mas as autoridades de saúde avisam que é necessário continuar a acompanhar a
evolução da situação.
Contudo, até agora, o
2019-nCoV está a ser considerado menos agressivo nas suas consequências, quando
comparado com a pneumonia atípica de 2002/2003, que tinha uma taxa de
mortalidade em torno dos 10%.
O pneumologista Filipe
Froes recorda que todas as infeções respiratórias, incluindo a gripe, podem
provocar a morte, sobretudo em doentes com outras patologias associadas ou
pessoas mais frágeis e idosas.
Que
medidas estão a ser tomadas internacionalmente?
Há medidas básicas de
higiene, como a lavagem e desinfeção das mãos e cobrir a boca e o nariz ao
tossir e espirrar, que são geralmente recomendadas pelas autoridades de saúde.
Nos países com voos
diretos de e para a cidade de Whuan, onde o vírus foi detetado, estarão ou
poderão começar a tomar medidas de precaução especial com os passageiros e
voos.
Em Portugal, a
Direção-Geral da Saúde recomenda cuidados especiais a pessoas que se desloquem
a Wuhan e ainda Pequim, Guangdong e Shanghai, como evitar contacto com pessoas
doentes e com animais.
(jn.pt/mundo)
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