Missa em Santa Marta
Não sentir vergonha de expressar a alegria do encontro com o
Senhor: foi o que disse o Papa Francisco na homilia desta manhã, acrescentando
que o Evangelho só irá avante com evangelizadores cheios de vida.
Adriana Masotti - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco celebrou
esta manhã (28/01) a missa na capela da Casa Santa Marta e no centro da sua
homilia esteve a alegria de ser cristão.
O Pontífice inspirou-se
na Primeira Leitura, extraída do Segundo Livro de Samuel, que narra a festa de
Davi e de todo o povo de Israel pelo regresso da Arca da Aliança ao seu lugar,
isto é, a Jerusalém.
O povo
faz festa porque Deus está próximo
A arca tinha sido levada
embora, recordou o Papa, e o seu retorno foi “uma grande alegria para o povo”,
já que ele sente que Deus lhe está próximo, e exulta.
O rei Davi está com eles,
coloca-se à frente da procissão, faz o sacrifício de um boi e de um carneiro a
cada seis passos. Com o povo, exulta, canta e dança “com todas as forças”.
Havia uma festa: a
alegria do povo de Deus porque Deus estava com eles. E Davi? Dança. Dança
diante do povo, expressa a sua alegria sem sentir vergonha; é a alegria
espiritual do encontro com o Senhor: Deus voltou entre nós. E isto nos dá tanta
alegria. Davi não pensa que é o rei e que o rei deve ficar distante do povo, a
sua majestade - não? -, com a distância... Davi ama o Senhor, está feliz com
este evento de conduzir a arca do Senhor. Expressa esta felicidade, esta
alegria dançando, e certamente também cantava como todo o povo.
Francisco afirmou que
acontece o mesmo com a gente, de sentir alegria “quando estamos com o Senhor” e
às vezes, na paróquia, as pessoas fazem festa. E citou outro episódio da
história de Israel, quando foi reencontrado o livro da lei no tempo de Neemias
e também ali “o povo chorava de alegria”, continuando a festejar inclusive
em casa.
O
desprezo pela espontaneidade da alegria
O texto do profeta Samuel
continua descrevendo a volta de Davi para sua casa, onde encontra uma das mulheres,
Micol, a filha de Saul. Ela o acolhe com desprezo. Vendo o rei dançar, sentiu
vergonha dele e o repreendeu dizendo: “Mas não sente vergonha dançando como um
vulgar, como alguém do povo?”.
É o desprezo da
religiosidade requintada pela espontaneidade da alegria com o Senhor. E Davi
explica para ela: “Mas veja, isso foi motivo de alegria. Alegria no Senhor,
porque trouxemos a arca para casa!". [Ela] despreza. E diz a Bíblia que
essa senhora – se chamava Micol - não teve filhos por isso. O Senhor a puniu.
Quando falta a alegria em um cristão, esse cristão não é fecundo; quando falta
a alegria em nosso coração, não há fecundidade.
É
preciso evangelizadores alegres para seguir em frente
O Papa Francisco observa
então que a festa não se expressa apenas espiritualmente, mas se torna
partilha. Davi, naquele dia, após a bênção, havia distribuído "um pão de
forno para cada um, uma porção de carne assada e torta de uvas", para que
cada um festejasse em sua própria casa.
"A Palavra de Deus
não se envergonha da festa", afirma Francisco, que acrescenta: "É
verdade, às vezes o perigo da alegria é ir além e acreditar que isso é tudo.
Não: esta é a atmosfera de festa."
E recorda então que São
Paulo VI em sua Exortação Apostólica "Evangelii Nuntiandi",
fala desse aspecto e exorta à alegria. E Francisco conclui sua homilia com este
pensamento:
“A Igreja não irá em
frente. O Evangelho não irá em frente com evangelizadores enfadonhos,
amargurados. Não. Somente irá em frente com evangelizadores alegres e cheios de
vida. A alegria no receber a Palavra de Deus, a alegria de ser cristãos, a
alegria de seguir em frente, a capacidade de festejar sem se envergonhar e não
ser como esta senhora, Micol, cristãos formais, cristãos prisioneiros das
formalidades".
(vaticannews)
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