sábado, 31 de janeiro de 2009

O VENTO ACALMOU...



Comentário ao Evangelho do dia – Mc 4, 35-41 - feito por : Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja.
Sermão 63 (trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 260) 


«O vento serenou, e fez-se grande calma»



O teu coração é perturbado pelas vagas; a injúria suscitou em ti o desejo da vingança. E assim: vingaste-te [...], e naufragaste.
Por quê?
Porque Cristo adormeceu em ti, quer dizer, esqueceste-te de Cristo.
Recorda-te de Cristo, e Cristo despertará em ti [...] Esqueceste-te do que Ele disse na cruz: «Perdoa-lhes, ó Pai: porque não sabem que fazem»? (Lc 23,34) Aquele que adormecera no teu coração recusou vingar-Se.
Desperta, lembra-te d'Ele. A Sua memória é a Sua palavra; é o Seu mandamento. E, quando despertares Cristo em ti, dirás a ti mesmo: «Que homem sou para querer vingar-me? [...] Aquele que disse: «Dai e dar-se-vos-á; perdoai e sereis perdoados» (Lc 6,37) não me acolherá. Reprimirei, então, a minha cólera, e o meu coração encontrará de novo o repouso.»
Cristo ordenou ao mar, e ele acalmou. [...] Desperta Cristo, deixa-O falar-te. «Quem é Este, a quem até o vento e o mar obedecem?» Quem é Este a quem o mar obedece? «Dele é o mar; foi Ele quem o criou;» (Sl 94,5); «Tudo começou a existir por meio d'Ele» (Jo 1,3).

Imita os ventos e o mar: obedece ao Criador. O mar ouviu a ordem de Cristo, e tu, vais continuar surdo? O mar obedece, o vento acalma-se, vais tu continuar a opor-te? [...] Falar, agir, urdir maquinações, não será objectar e recusar o mandamento de Cristo? Quando o teu coração é abalado, não o deixes submergir pelas ondas.

No entanto, se o vento nos derruba – porque somos apenas homens – e agita as paixões más do nosso coração, não desesperemos. Acordemos Cristo, a fim de prosseguirmos a nossa viagem sobre um mar apaziguado e chegarmos à pátria. 




(Evangelho Quotidiano)

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