Vaticano, 05 Nov. 14 / 03:23 pm (ACI/EWTN Noticias).-
“O episcopado não é uma honra, é um serviço”,
recordou o Papa Francisco nesta quarta-feira durante a Audiência Geral onde
advertiu que na Igreja
não deve haver lugar para essa mentalidade mundana de ver o cargo episcopal
como uma carreira eclesiástica, para a vaidade; pois na realidade se trata de
um serviço ao próximo, como o fez Jesus e tantos santos bispos.
Ante os milhares de fiéis reunidos na Praça São
Pedro, Francisco também chamou os fiéis e sacerdotes a estarem unidos ao seu
bispo para poder ter uma Igreja sadia. “Jesus quis esta união de todos os fiéis
com o bispo, também dos diáconos e dos presbíteros”, afirmou.
À continuação, a íntegra da catequese por
cortesia do Portal Canção Nova:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia
Escutamos as
coisas que o apóstolo Paulo diz ao bispo Tito. Mas quantas virtudes devemos
ter, nós bispos? Ouvimos todos, não? Não é fácil, não é fácil, porque nós somos
pecadores. Mas confiamos na vossa oração, para que ao menos nos aproximemos
destas coisas que o apóstolo Paulo aconselha a todos os bispos. De acordo?
Vocês rezam por nós?
Já tivemos a oportunidade de destacar, nas
catequeses anteriores, como o Espírito Santo enche sempre a Igreja dos seus
dons, com abundância. Agora, no poder e na graça do seu Espírito, Cristo não
deixa de suscitar ministérios, a fim de edificar as comunidades cristãs como
seu corpo. Entre esses ministérios, se distingue o episcopal. No bispo,
assistido pelos presbíteros e pelos diáconos, é o próprio Cristo que se faz presente
e que continua a cuidar da sua Igreja, assegurando a sua proteção e a sua
condução.
1. Na presença e no ministério dos bispos, dos
presbíteros e dos diáconos podemos reconhecer a verdadeira face da Igreja: é a
Santa Mãe Igreja Hierárquica. E realmente, através desses irmãos escolhidos
pelo Senhor e consagrados com o sacramento da Ordem, a Igreja exerce a sua
maternidade: gera-nos no Batismo como cristãos,
fazendo-nos renascer em Cristo; vigia sobre o nosso crescimento na fé;
acompanha-nos entre os braços do Pai, para receber o seu perdão; prepara para
nós a mesa eucarística, onde nos alimenta com a Palavra de Deus e o Corpo e o
Sangue de Jesus; invoca sobre nós a benção de Deus e a força do seu Espírito,
apoiando-nos por todo o curso da nossa vida e nos envolvendo com
a sua ternura e o seu calor, sobretudo nos momentos mais delicados da provação,
do sofrimento e da morte.
2. Esta maternidade da Igreja se exprime em
particular na pessoa do bispo e no seu ministério. De fato, como Jesus escolheu
os apóstolos e os enviou para anunciar o Evangelho e para apascentar o seu
rebanho, assim os bispos, seus sucessores, são colocados na cabeça das
comunidades cristãs, como fiadores da sua fé e como sinal vivo da presença do
Senhor em meio a eles. Compreendemos, então, que não se trata de uma posição de
prestígio, de uma honra.
O episcopado não é uma honra, é um serviço.
Jesus o quis assim. Não deve haver lugar na Igreja para a mentalidade mundana.
A mentalidade mundana diz: “Este homem fez carreira eclesiástica, tornou-se
bispo”. Não, não, na Igreja não deve haver lugar para esta mentalidade. O
episcopado é um serviço, não uma honra para se vangloriar. Ser bispo quer dizer
ter sempre diante dos olhos o exemplo de Jesus que, como Bom Pastor, veio não
para ser servido, mas para servir (cfr Mt 20, 28; Mc 10, 45) e para dar a sua
vida por suas ovelhas (cfr Jo 10, 11).
Os santos bispos – e são tantos na história da
Igreja, tantos bispos santos – mostram-nos que este ministério não se procura,
não se pede, não se compra, mas se acolhe em obediência, não para se elevar,
mas para se rebaixar, como Jesus que “humilhou a si mesmo, fazendo-se obediente
até a morte e uma morte de cruz” (Fil 2, 8). É triste quando se vê um homem que
procura esse ofício e que faz tantas coisas para chegar lá e, quando chega, não
serve, se envaidece, vive somente para a sua vaidade.
3. Há um outro elemento precioso, que merece ser
colocado em evidência. Quando Jesus escolheu e chamou os apóstolos, pensou
neles não separados um do outro, cada um por conta própria, mas juntos, para
que estivessem com Ele, unidos, como uma só família. Também os bispos
constituem um único colégio, reunido em torno do Papa, que é o custódio e
fiador desta profunda comunhão, que tanto estava no coração de Jesus e dos seus
apóstolos.
Como é belo, então, quando os Bispos, com o
Papa, exprimem esta colegialidade e procuram ser sempre mais e melhor
servidores dos fiéis, mais servidores na Igreja! Experimentamos isso
recentemente na Assembleia do Sínodo sobre família. Mas pensemos em todos os
bispos espalhados no mundo que, mesmo vivendo em localidade, cultura,
sensibilidade e tradições diferentes e distantes entre eles, de um lado a outro
– um bispo me dizia outro dia que para chegar a Roma eram necessárias, de onde
ele estava, mais de 30 horas de avião – sentem-se parte um do outro e se tornam
expressão da íntima ligação, em Cristo, entre suas comunidades.
E na comum oração eclesial todos os bispos
colocam-se juntos em escuta do Senhor e do Espírito, podendo assim colocar
atenção em profundidade sobre o homem e os sinais dos tempos (cfr Conc. Ecum.
Vat. II, Const. Gaudium et spes, 4).
Queridos amigos, tudo isso nos faz compreender
porque as comunidades cristãs reconhecem no biso um grande presente e são
chamadas a alimentar uma sincera e profunda comunhão com ele, a partir dos
presbíteros e dos diáconos. Não há uma Igreja sadia se os fiéis, os diáconos e
os presbíteros não são unidos ao bispo.
Esta Igreja não unida ao bispo é uma Igreja
doente. Jesus quis esta união de todos os fiéis com o bispo, também dos
diáconos e dos presbíteros. E isto o fazem na consciência de que é justamente
no bispo que se torna visível a ligação de cada Igreja com os apóstolos e com
todas as outras comunidades, unidas com os seus bispos e o Papa na única Igreja
do Senhor Jesus, que é a nossa Santa Mãe Igreja Hierárquica. Obrigado.
(www,acidigital.com)
Sem comentários:
Enviar um comentário