Uma explosão numa das mais perigosas minas de carvão do Leste da
Ucrânia, na cidade de Donetsk, deixou dezenas de trabalhadores soterrados,
temendo-se que pelo menos 33 tenham morrido. A localização da mina de Zasiadko,
numa das zonas mais afectadas pela guerra no país, tem dificultado as operações
de resgate e a transmissão de informações para o exterior.
Vários responsáveis ouvidos pelas agências Reuters e AFP
afastaram qualquer relação com combates entre as forças do Governo de Kiev e os
rebeldes separatistas pró-russos, que controlam a região. Na origem do acidente
estará uma explosão de gás metano, à semelhança do que aconteceu em muitas
outras ocasiões desde a abertura da mina, em 1958 – mas especialmente a partir
de finais da década de 1990.
Num primeiro momento, as autoridades de Kiev avançaram que
tinham morrido 32 mineiros, chegando mesmo a ser cumprido um minuto de silêncio
no Parlamento da capital ucraniana. No local do acidente, os representantes da
autoproclamada República Popular de Donetsk confirmaram a morte de uma pessoa e
disseram que 32 mineiros estavam desaparecidos, uma informação que viria a ser
também veiculada oficialmente pelo presidente do Parlamento ucraniano,
Volodimir Groisman.
O Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, exigiu aos líderes
rebeldes que autorizem a entrada na região de equipas de socorro enviadas pelas
autoridades de Kiev, mas não há informações de que a exigência tenha recebido
alguma resposta. Já o primeiro-ministro, Arseni Iatseniuk, acusou os separatistas
pró-russos de terem barrado o acesso a equipas de emergência.
À entrada da mina, a irmã de um dos trabalhadores mostrava-se
desesperada com a falta de explicações, segundo um relato da agência Reuters:
"Digam-me, há sobreviventes? Porque estão a esconder a
verdade?" Sergei Baldaiev, um dos mineiros feridos na explosão disse
à mesma agência que tinha visto pelo menos cinco corpos a serem retirados.
Segundo alguns trabalhadores e funcionários dos serviços de
saúde administrados pelos separatistas, que falaram à Reuters sob anonimato,
terão ficado soterrados cerca de 50 mineiros, mas pelo menos 14 conseguiram
escapar. As hipóteses de resgatar a tempo os que continuam desaparecidos
diminuem a cada minuto que passa.
Para além da configuração da mina, que atinge uma grande
profundidade e tem níveis elevados de metano, as operações de resgate são
também dificultadas pela ausência de comunicação entre o Governo de Kiev e os
rebeldes separatistas.
"A guerra no Leste da Ucrânia causou muitos danos materiais
nas infra-estruturas, no fornecimento de electricidade e nas estradas na região
do Donbass. É pouco provável que os rebeldes dialoguem com Kiev e permitam a
entrada de equipas de resgate, mas será que vão pedir ajuda à Rússia?",
questionou o director executivo da BBC para as Américas e para a Europa, o
ucraniano Olexi Solohubenko.
Os acidentes em minas no Leste da Ucrânia são frequentes, com a
mina de Zasiadko entre as mais perigosas. Em Novembro de 2007, uma outra
explosão fez pelo menos 101 mortos, naquele que foi o mais grave acidente numa
mina na Ucrânia.
Em 2000, uma explosão na mina de Barakova, na província de
Lugansk, fez pelo menos 80 mortos.
Desde
os finais da década de 1990, só na mina de Zasiadko (o local da explosão desta
quarta-feira) houve cinco acidentes graves que provocaram pelo menos 248
mortos: Maio de 1999 (50 mortos), Agosto de 2001 (55 mortos), Julho de 2002 (20
mortos), Setembro de 2006 (13 mortos) e Novembro de 2007 (101 mortos).
(notícia da internet)
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