sexta-feira, 13 de março de 2015

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO 
AOS MEMBROS DO CAMINHO NEOCATECUMENAL




Na Sala Paulo VI
 Sexta-feira, 6 de Março de 2015

Amados irmãos e irmãs!
Bom dia a todos. E muito obrigado por terdes vindo a este encontro.

A tarefa do Papa, a tarefa de Pedro, é confirmar os irmãos na fé. Assim também vós com este gesto quisestes pedir ao Sucessor de Pedro que confirme a vossa chamada, que apoie a vossa missão, que abençoe o vosso carisma. E eu hoje confirmo a vossa chamada, apoio a vossa missão e abençoo o vosso carisma. Não o faço porque ele [indicou Kiko] me pagou, não! Faço-o porque o quero fazer. Ide em nome de Cristo a todo o mundo levar o seu Evangelho: Cristo vos preceda, Cristo vos acompanhe, Cristo realize aquela salvação da qual sois portadores!
Juntamente convosco saúdo todos os Cardeais e Bispos que vos acompanham hoje e que nas suas dioceses apoiam a vossa missão. Em particular saúdo os iniciadores do Caminho Neocatecumenal, Kiko Argüello e Carmen Hernández, juntamente com o padre Mario Pezzi: também a eles expresso o meu apreço e encorajamento por quanto, através do Caminho, estão a fazer em benefício da Igreja. Eu digo sempre que o Caminho Neocatecumenal faz um grande bem à Igreja.
Como Kiko disse, o nosso encontro de hoje é um convite missionário, em obediência a quanto Cristo nos pediu e ouvimos no Evangelho. E sinto-me particularmente contente porque esta vossa missão se realiza graças às famílias cristãs que, reunidas numa comunidade, têm a missão de dar sinais da fé que atraem os homens para a beleza do Evangelho, segundo as palavras de Cristo: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei; disto saberão que sois meus discípulos» (cf.Jo13, 34), e «sede um só e o mundo acreditará» (cf.Jo17, 21). Estas comunidades, chamadas pelos Bispos, são formadas por um presbítero e por quatro ou cinco famílias, com filhos até grandes, e constituem uma «missio ad gentes», com um mandato para evangelizar os não-cristãos. Os não-cristãos que nunca ouviram falar de Jesus Cristo, e os muitos não-cristãos que se esqueceram de quem era Jesus Cristo, de quem é Jesus Cristo: não-cristãos baptizados, mas aos quais a secularização, a mundanidade e muitas outras coisas fizeram esquecer a fé. Despertai aquela fé!
Portanto, antes do que com a palavra, é com o vosso testemunho de vida que manifestais o coração da revelação de Cristo: que Deus ama o homem até se entregar à morte por ele e que foi ressuscitado pelo Pai para nos dar a graça de oferecer a nossa vida aos outros. O mundo de hoje tem extrema necessidade desta grande mensagem. Quanta solidão, quanto sofrimento, quanta distância de Deus em tantas periferias da Europa e da América e em tantas cidades da Ásia! Quanta necessidade tem o homem de hoje, em todas as latitudes, de ouvir que Deus o ama e que o amor é possível! Estas comunidades cristãs, graças a vós, famílias missionárias, têm a tarefa essencial de tornar visível esta mensagem. E qual é a mensagem? «Cristo ressuscitou, Cristo vive! Cristo está vivo entre nós!».
Vós recebestes a força de deixar tudo e de partir para terras distantes graças a um caminho de iniciação cristã, vivido em pequenas comunidades, nas quais redescobristes as imensas riquezas do vosso Baptismo. Este é o Caminho Neocatecumenal, um verdadeiro dom da Providência à Igreja do nosso tempo, como já afirmaram os meus Predecessores; sobretudo são João Paulo II, quando vos disse: «Reconheço o Caminho Neocatecumenal como um itinerário de formação católica, válido para a sociedade e para os tempos actuais» (Epist. Ogniqualvolta, 30 de Agosto de 1990: AAS 82 [1990], 1515). O Caminho baseia-se naquelas três dimensões da Igreja que são a Palavra, a Liturgia e a Comunidade. Por isso, a escuta obediente e constante da Palavra de Deus; a celebração eucarística em pequenas comunidades depois das primeiras vésperas do domingo, a celebração das laudes em família aos domingos com todos os filhos e a partilha da própria fé com outros irmãos estão na origem dos tantos dons que o Senhor vos concedeu, assim como as numerosas vocações ao presbiterado e à vida consagrada. Ver tudo isto é de grande consolação, porque confirma que o Espírito de Deus está vivo e activo na sua Igreja, também hoje, e que corresponde às necessidades do homem moderno.
Em diversas ocasiões insisti sobre a necessidade que a Igreja tem de passar de uma pastoral de simples conservação para uma pastoral decididamente missionária (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 15). Quantas vezes, na Igreja, temos Jesus dentro e não o deixamos sair... Quantas vezes! Isto é a coisa mais importante que devemos fazer se não quisermos que a água estagne na Igreja. Há anos que o Caminho está a realizar estas missio ad gentes entre os não cristãos, para uma implantatio Ecclesiae, uma nova presença de Igreja, onde a Igreja não existe ou já não é capaz de alcançar as pessoas. «Quanta alegria nos dais com a vossa presença e com a vossa actividade!» — disse-vos o beato Papa Paulo VI na primeira audiência convosco (8 de Maio de 1974):  Insegnamenti di Paolo VI, XII [1974], 407). Também eu faço minhas estas palavras e encorajo-vos a ir em frente, confiando-vos à Santa Virgem Maria que inspirou o Caminho Neocatecumenal. Que ela interceda por vós diante do seu Filho divino.

Caríssimos, que o Senhor vos acompanhe. Ide, com a minha Bênção!

(vaticano.va)


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