XX DOMINGO DO TEMPO COMUM
Sinal de Contradição
O Evangelho
de Lucas, que meditamos nesse ano litúrgico,
apresenta
caminhada de Jesus para Jerusalém.
É um
itinerário espiritual, ao longo do qual
Jesus vai
educando seus discípulos e alertando
sobre as
consequências no seguimento fiel ao Mestre.
O profeta
sempre foi e sempre será um sinal de contradição.
As Leituras
ilustram essa verdade.
1. A 1ª Leitura propõe o exemplo de JEREMIAS,
que foi
escolhido por Deus para anunciar uma mensagem dura,
contrária à
opinião do rei e dos generais do exército. (Jr 38,4-6.8-10)
No ano 587,
os Babilônios suspenderam o cerco a Jerusalém
para
enfrentar a ameaça do Egito. Os judeus consideram eliminado o perigo.
Jeremias, em
nome de Deus, falou o que as autoridades não queriam ouvir:
Era melhor
fazer um acordo, para não morrer à espada ou de fome.
Jeremias foi
então perseguido, colocado numa cisterna,
onde deveria
morrer de fome.
Mas Deus o libertou
das mãos dos seus inimigos.
Os profetas
sempre incomodam e são perseguidos.
A 2ª Leitura nos alerta a permanecermos
firmes em todas as provações,
para
superarmos com galhardia todas as dificuldades,
como os
atletas numa competição. (He 12,1-4)
No Evangelho, Jesus está a caminho de
Jerusalém.
É uma viagem
teológica e de julgamento,
na qual
Jesus lança desafios a quem deseja segui-lo. (Lc 12,49-53)
À medida que
caminhamos com ele, purificamos nosso olhar
e
direcionamos nossos passos no caminho
certo.
Não devemos
ter medo das divisões provocadas pela sua palavra.
+ A
Palavra de Cristo é sinal de divisão:
Os profetas
tinham anunciado que o Reino de Deus
como um
tempo de paz, bem-estar, de alegria;
um tempo de
fraternidade universal.
Como
concordar isso com as palavras de Jesus do evangelho de hoje?
"Pensais que eu vim trazer a paz à terra?
Não, digo-vos, mas a divisão".
+ O
Anúncio da verdade suscita oposição.
Jesus pede
uma opção pessoal consciente, que assume os riscos,
inclusive a
rejeição dos familiares, para pertencer à nova família,
cujo laço de
unidade não é o sangue, mas o compromisso com a Palavra.
É nesse
sentido que Jesus traz divisão.
Ela não é
essência do seu projeto e sim consequência.
Jesus que
caminha exige opções maduras e consequentes.
É estranho
que a fé em Cristo crie inimigos, ponha obstáculos.
Isso é a
realidade, porque o amor e a verdade têm na cruz o seu preço.
Não há amor
verdadeiro que não acarrete sofrimento,
não há
verdade que não fira.
O profeta é
aquele que anuncia a verdade profunda dos fatos.
Uma vez que
a realidade dos fatos é a ação imprevisível de Deus,
que move
para a liberdade, suscita ela sempre no homem
a dúvida, o
medo do risco, a oposição,
pelos quais
se manifestam o orgulho e o pecado.
Da verdade
nasce a incerteza, porque o homem prefere a segurança
da prudência
humana ao abandono à imprevisibilidade de Deus.
+ Escolher Cristo é angariar inimigos
O cristão,
ao se pôr do lado de Cristo, entra, por isso mesmo, na luta.
Não pode
considerar-se nem conservar-se um neutro.
Através história
da humanidade transparece a vontade
de comunhão,
de esforço, de colaboração do cristão,
mas seu
plano de libertação não podem deixar de suscitar
dissensões
na família, entre os amigos, na sociedade,
impor opções
que impedem a tranquilidade de muitos.
Isto é
inevitável porque é sobre os valores e os significados
que estão em
jogo a luta e a vida, e é sobre esses significados
que se faz a
comunhão ou surgem as oposições.
Os homens se
dividem em grandes grupos geográfico e sociais,
mas o que os
distingue realmente e os opõe
é a
concepção que têm do devir humano,
o modo de
enfrentar os graves problemas que se impõem a todos:
a injustiça,
a liberdade, as prioridades e responsabilidades sociais...
+ O
cristão supera a divisão com o amor gratuito
O cidadão do
reino está em paz com quem, como ele,
aceita a própria
morte para que o outro viva,
entra em
comunhão com quem vive na esperança.
Mas estará
separado de quem não busca a verdade, o amor e a justiça,
e
experimentará a realidade das palavras de Cristo:
"Pensais que vim trazer a paz à terra?
Não, digo-vos, mas a divisão".
Ele, porém,
supera a divisão com o amor.
Mesmo que
sua palavra e a sua ação criem divisões e oposições,
ele não paga
o mal com o mal, mas sabe vencer o mal com o bem.
Retribui o
ódio com o amor.
- Que tipo
de Igreja somos hoje? Profética como Jesus e Jeremias?
- Que tipo
de cristãos somos nós? De conveniência,
de tradição
ou conscientes, consequentes e participantes?
Aos PAIS que
testemunham o Bem e a Verdade, a nossa eterna gratidão!...
Pe. Antônio G Dalla Costa - 14.08.2016
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