Papa Francisco:
glória e cruz sejam inseparáveis
"Contemplar a vida de Pedro e a sua confissão significa
reconhecer as tentações que acompanham a vida do discípulo. Como Pedro, seremos
sempre tentados pelos 'sussurros' do maligno", disse o Pontífice na missa
na Solenidade dos Santos apóstolos Pedro e Paulo.
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O Santo Padre presidiu na
manhã desta sexta-feira (29/6), na Praça de São Pedro, à solene celebração
Eucarística por ocasião da Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo.
Durante a cerimônia, o
Papa entregou os Pálios sagrados aos 30 Arcebispos Metropolitanos nomeados
durante o último ano, entre os quais um brasileiro: Dom Airton José dos Santos,
arcebispo de Mariana (MG).
Tu és o Messias
Em sua homilia, Francisco
retomou a Tradição Apostólica, perene e sempre nova, que acende e revigora a
alegria do Evangelho. E precisamente sobre o Evangelho de hoje, pôs em realce a
pergunta que Jesus fez aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”.
Tomando a palavra, Pedro respondeu: “Tu és o Messias”, o Ungido, o Consagrado
de Deus. E o Papa disse:
“Muito me apraz saber que
foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus “ungia” seu
povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de
salvar e aliviar quem estava perdido: ungia os mortos, os enfermos, as feridas,
o penitente. Unge a esperança! Assim, todo pecador, derrotado, doente, pagão se
sentiam membros amados da família de Deus”.
Ir a todos os cantos
Como Pedro, disse o Papa,
também nós podemos confessar, com os nossos lábios e o coração, não só o que
ouvimos, mas também a nossa experiência concreta de termos sido ressuscitados,
socorridos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. E
acrescentou:
“O Ungido de Deus leva o
amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor
misericordioso exige ir a todos os cantos da vida e chegar a todos, ainda que
pudesse colocar em perigo o próprio “nome”, as comodidades, a posição, o
martírio”.
Tentação à espreita
Perante este anúncio tão
inesperado, Pedro reage a ponto de se tornar pedra de tropeço no caminho do
Messias e até ser chamado “Satanás”. Contemplar a vida de Pedro e a sua
confissão, afirmou o Papa, significa reconhecer as tentações que acompanham a
vida do discípulo. Como Pedro, como Igreja, seremos sempre tentados pelos
“sussurros” do maligno, que poderão ser pedra de tropeço para a nossa missão:
“Quantas vezes sentimos a
tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor!
Jesus toca a miséria humana; convida-nos a estar com Ele e a tocar os
sofrimentos dos outros. Confessar a fé, com a boca e o coração, exige
identificar os “sussurros” do maligno; discernir e descobrir as “coberturas”
pessoais e comunitárias, que nos mantêm à distância do drama humano real,
impedindo-nos de entrar em contato com a sua existência concreta”.
Não separar a glória da cruz
Jesus, frisou Francisco,
sem separar a cruz da glória, quer resgatar seus discípulos e a sua Igreja dos
triunfalismos vazios de amor, de serviço, de compaixão e de povo. Contemplar e
seguir a Cristo exige deixar o nosso coração abrir-se ao Pai e a todos com quem
Ele se identificou: Ele jamais abandona o seu povo! O Papa concluiu sua
homilia, com a exortação:
“Confessemos com os
nossos lábios e com o nosso coração que Jesus Cristo é o Senhor! Este é o nosso
canto, que somos convidados a entoar todos os dias. Com a simplicidade, a
certeza e a alegria de saber que a Igreja não brilha com luz própria, mas com a
de Cristo: 'Já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim'.”
(vaticannews)