Na
Audiência desta quarta-feira, Francisco completou sua reflexão sobre o sexto
mandamento , "não cometer adultério". "Amar é sair de si, é
descentralizar", afirmou.
Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
Quarta-feira é dia de Audiência Geral no
Vaticano. Cerca de 20 mil fiéis participaram na Praça São Pedro do encontro
semanal com o Pontífice.
Nesta quarta-feira (31/10), o Papa Francisco
completou a catequese sobre o sexto mandamento, “não cometer adultério”,
evidenciando que o amor fiel de Cristo é a luz para viver a beleza da
afetividade humana. O amor se manifesta na fidelidade, no acolhimento e na
misericórdia.
Revolução
Este mandamento, recordou o Papa, refere-se
explicitamente à fidelidade matrimonial. Francisco definiu como
“revolucionário” o trecho da Carta de São Paulo aos Efésios lido no início da
Audiência, em que o Apóstolo afirma que o marido deve amar a esposa assim como
Cristo amou a Igreja. Levando em consideração a antropologia da época, disse o
Papa, “é uma revolução. Talvez, naquele tempo, é a coisa mais revolucionária
dita sobre o matrimônio”.
Por isso, é importante refletir profundamente
sobre o significado de esponsal, estando ciente, porém, de que o mandamento da
fidelidade é destinado a todos os batizados, não só aos casados.
Amar é descentralizar
De fato, o caminho do amadurecimento humano é
o próprio percurso do amor, que vai desde o receber cuidados até a capacidade
de oferecer cuidados; de receber a vida à capacidade de dar a vida. Tornar-se
adultos significa viver a atitude esponsal, ou seja, capaz de doar-se sem
medida aos outros.
O infiel, portanto, é uma pessoa imatura, que
interpreta as situações com base no próprio bem-estar. “Para se casar, não
basta celebrar o matrimônio!”, recordou o Papa. É preciso fazer um caminho do
eu ao nós. De pensar sozinho, a pensar a dois. A viver sozinho, a viver a dois.
Descentralizar é uma atitude esponsal.
Por isso,
acrescentou Francisco, “toda vocação cristã é esponsal”, pois é fruto do laço
de amor com Cristo mediante o qual fomos regenerados. O sacerdote é chamado a
servir a comunidade com todo o afeto e a sabedoria que o Senhor doa.
A Igreja não necessita de aspirantes ao papel
de sacerdotes, “é melhor que fiquem em casa”, mas homens cujo coração é tocado
pelo Espírito Santo com um amor sem reservas para a Esposa de Cristo. No
sacerdócio, se ama o povo de Deus com toda a paternidade, ternura e a força de
um esposo e de um pai. O mesmo vale para quem é chamado a viver a virgindade
consagrada.
O corpo não é um
instrumento de prazer
“O corpo humano não é um instrumento de
prazer, mas o local da nossa chamada ao amor, e no amor autêntico não há espaço
para a luxúria e para a sua superficialidade. Os homens e as mulheres merecem
mais!”
O Papa concluiu recordando que o sexto
mandamento, mesmo em sua forma negativa – não cometer adultério – nos oriente à
nossa chamada originária, isto é, ao amor esponsal pleno e fiel, que Jesus
Cristo nos revelou e doou.
Dia de Finados
Ao final da Audiência, o Papa recordou a
celebração do Dia de Finados. “Que o testemunho de fé dos que nos precederam
reforce em nós a certeza de que Deus acompanha cada um no caminho da vida,
jamais abandona alguém a si mesmo, e quer que todos sejamos santos, assim como
Ele é santo.”
(vaticannews)