Os dois eixos da vida do cristão
segundo o Papa Francisco
Vaticano,
09 Out. 18 / 10:47 am (ACI).- O Papa Francisco pediu aos cristãos que
não se distraiam com coisas aparentemente importantes mas que afastam as
pessoas do essencial, como a vida espiritual
ou inclusive a vida familiar.
O
Pontífice assinalou que a vida do cristão estaria incompleta se não houvesse
contemplação e serviço; uma sem a outra provocaria uma distorção do modelo
evangélico.
Dedicar tempo diante do
Senhor, na contemplação, e fazer de tudo pelo Senhor a serviço dos outros.
Contemplação e serviço: este é o nosso caminho da vida.
O
Santo Padre fez a reflexão a partir do evangelho do dia, no qual se narra a
visita de Jesus à casa de Lázaro e como as duas irmãos do amigo do Senhor,
Maria e Marta, o recebem. Enquanto Marta estava sobrecarregada com todas as
tarefas para receber seu convidado, Maria estava sentada aos pés de Jesus
escutando-o.
Então,
Marta se queixa com Jesus, que lhe recorda que só uma coisa é importante e que
Maria escolheu bem. O problema de Marta, explicou o Santo Padre, é que “era
incapaz de perder tempo olhando para o Senhor”.
“Existem
muitos cristãos que vão, sim, à Missa aos domingos, mas depois estão
sempre atarefados. Não têm tempo nem para os filhos, nem para brincar com os
filhos. É feio isso! ‘Tenho muita coisa para fazer, estou ocupado...’ No final
das contas se tornam cultores da religião dos atarefados: um grupo de
atarefados que está sempre fazendo... mas pare, olhe para o Senhor, tome o
Evangelho, ouça a Palavra do Senhor, abra o seu coração...”.
O
Papa pontuou que não é ruim estar ocupado, não era ruim que Marta estivesse
ocupada, mas “falta a contemplação”.
é
o famoso “ora et labora” da regra de São Bento, que encarna a vida monástica de
clausura: “Não ficam o dia todo olhando para o céu. Rezam e trabalham”.
Nesse
sentido, explicou que Maria também não estava sem fazer nada. “Ela olhava para
o Senhor porque o Senhor tocava o coração e dali, da inspiração do Senhor, é de
onde vem o trabalho que tem que ser feito depois”.
Citou
como exemplo disse a pregação de São Paulo: “Tudo o que Paulo fazia tinha este
espírito de contemplação, de olhar o Senhor. Era o Senhor que falava do seu
coração, porque Paulo era um apaixonado pelo Senhor”.
O
Pontífice sublinhou que essa palavra, “apaixonados”, é a chave para não errar.
“Nós, para saber de que parte estamos, se exageramos porque fazemos uma
contemplação demasiada abstrata, inclusive gnóstica, ou se muito atarefados,
devemos nos questionar: ‘Sou apaixonado pelo Senhor? Estou certo, estou certa de
que Ele me escolheu? Ou vivo o meu cristianismo assim, fazendo coisas… sim,
faço isto, isto, faço mas e o coração? Contempla?’”.
“Contemplação
e serviço: este é o nosso caminho da vida. Cada um de nós pense: quanto tempo
por dia dedico a contemplar o mistério de Jesus? E depois: como trabalho?
Trabalho tanto que parece uma alienação, ou trabalho coerente com a minha fé,
trabalho como um serviço que vem do Evangelho? Irá nos fazer bem pensar nisto”,
concluiu o Papa.
Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
Lc 10,38-42
Naquele
tempo, 38Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em
sua casa. 39Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava
sua palavra. 40Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se
e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o
serviço? Manda que ela me venha ajudar!” 41O Senhor, porém, lhe respondeu:
“Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. 42Porém, uma
só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será
tirada”.
(acidigital)
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