sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Papa Francisco: O discípulo cristão não deve ter medo da pobreza



 Missa em Santa Marta

Vaticano, 18 Out. 18 / 09:19 am (ACI).- Durante a Missa celebrada na Casa Santa Marta nesta quinta-feira, 18 de outubro, o Papa Francisco explicou as três formas de pobreza às quais todo cristão é chamado e recordou que “o discípulo não deve ter medo da pobreza, ou melhor: deve ser pobre”.
A primeira é o desprendimento do dinheiro, a segunda é a aceitação da perseguição por causa da fé e a terceira é a do abandono.
Desprendimento das riquezas
Sobre a primeira, o Santo Padre assinalou que desprender-se das riquezas é “a condição para empreender o caminho do discipulado”. Esse desprendimento das riquezas requer “um coração pobre”.
Isso significa que, “se no trabalho apostólico são necessárias estruturas ou organizações que pareçam um sinal de riqueza, que sejam bem usadas, mas com a atitude de desapego”, pediu Francisco.
“Se você quiser seguir o Senhor, escolha o caminho da pobreza e se tiver riquezas, que sejam para servir os outros, mas com o coração desapegado”.
Aceitação da perseguição
 O segundo sinal de pobreza do cristão é a aceitação da perseguição por causa da fé em Cristo. No Evangelho, Jesus não esconde a realidade aos seus discípulos e lhes diz que os envia “como cordeiros para o meio dos lobos”.
O Papa assinalou que hoje a perseguição aos cristãos está, lamentavelmente, atual. É uma realidade que muitos cristãos em todo o mundo devem enfrentar.
Como exemplo, o Pontífice contou como um dos Bispos que está participando do Sínodo sobre os jovens contou como em seu país, onde os cristãos sofrem essas perseguições, um jovem católico foi preso por um grupo de pessoas fundamentalistas que adiavam a Igreja.
“Foi agredido e depois jogado dentro de uma cisterna, lançando lama até que chegou ao seu pescoço: ‘Diga pela última vez: você renuncia a Jesus Cristo?’ – ‘Não!’. Jogaram uma pedra e o mataram”.
O Papa exclamou: “Todos nós ouvimos isso. E não aconteceu nos primeiros séculos: é de dois meses atrás! É um exemplo. Mas quantos cristãos hoje sofrem as perseguições físicas: ‘Oh, ele blasfemou! Para a forca!’”.
Mas, além das perseguições físicas, há outro tipo de perseguições, a da calúnia. “A perseguição da calúnia, das fofocas e o cristão fica calado, tolera esta ‘pobreza’”.
“ Às vezes, é necessário se defender para não provocar escândalo… As pequenas perseguições no bairro, na paróquia… pequenas, mas são a prova: a prova de uma pobreza. É o segundo tipo de pobreza que o Senhor nos pede. O primeiro, deixar as riquezas, não ser apegado com o coração às riquezas; o segundo, receber humildemente as perseguições, tolerar as perseguições”.
O abandono
Por último, a terceira forma de pobreza é a da solidão, do abandono. “Penso no maior homem da humanidade, e esta qualificação vem da boca de Jesus: João Batista”, assinalou o Papa. “O maior homem nascido de uma mulher”.
João Batista foi um “grande pregador: as pessoas iam a ele para serem batizadas. Como foi o seu fim? Sozinho, no cárcere. Pensem no que é um cárcere e como poderiam ser as prisões daquele tempo, porque se as de hoje são assim, pensem naquelas...”.
“Sozinho, esquecido, degolado pela fraqueza de um rei, o ódio de uma adúltera e o capricho de uma garota: assim, terminou o maior homem da história”, afirmou.
“Sem ir muito longe, muitas vezes nas casas para idosos onde vivem sacerdotes e religiosas que dedicaram suas vidas à pregação, eles se sentem sozinhos, sós com o Senhor: ninguém se lembra deles”.

Evangelho comentado pelo Papa Francisco:
Lc 10,1-9
Naquele tempo 1o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita.
3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘o Reino de Deus está próximo de vós’”.

(acidigital)

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