Missa em Santa Marta
Para explicar a esperança, o Papa Francisco fez um exemplo
concreto: a mulher grávida que vive para encontrar o seu filho. A esperança,
portanto, é viver em vista do encontro concreto com Jesus.
Debora Donnini - Cidade do Vaticano
A mulher grávida que
espera feliz o encontro com o filho e todos os dias toca a barriga para
acariciá-lo. Esta é a imagem usada pelo Papa Francisco para explicar o que é a
esperança, na homilia da missa celebrada esta manhã (23/10) na Casa Santa
Marta. A esperança, portanto, é viver em vista do encontro concreto com Jesus.
No início da homilia, o
Pontífice refletiu sobre duas palavras da mensagem litúrgica de hoje:
“cidadania” e “herança”. Na Carta de São Paulo aos Efésios, se fala de Deus que
fez um presente, nos tornou “cidadãos”, que consiste em ter nos dado uma
identidade, “uma carteira de identidade”. Em Jesus, de fato, Deus “aboliu a
Lei” para nos reconciliar, eliminando a inimizade, de modo que podemos nos
apresentar, uns aos outros, ao Pai num só Espírito”, isto é, “nos fez um”.
Assim, somos concidadãos dos santos em Jesus, destacou o Papa.
Deus, portanto, “nos faz
caminhar” rumo à herança com esta certeza de sermos “concidadãos” e que “Deus
está conosco”. E a herança, explicou Francisco, “é o que buscamos no nosso
caminho, o que receberemos no final”. Mas é preciso buscá-la todos os dias e o
que nos leva avante no caminho da nossa identidade rumo à herança é justamente
a esperança, “talvez a menor virtude, talvez a mais difícil de entender”.
O que é a esperança?
Fé, esperança e caridade
são um dom. A fé é fácil de compreender, assim como a caridade. Mas o que é a
esperança?”, questionou Francisco, destacando que sim, é esperar o Céu,
“encontrar os santos”, “uma felicidade eterna”. “Mas o que é o céu para você?”,
perguntou ainda o Papa:
Viver na esperança é
caminhar, sim, rumo a um prêmio, rumo à felicidade que não temos aqui, mas
teremos lá … é uma virtude difícil de entender. É uma virtude humilde, muito
humilde. É uma virtude que jamais desilude: se você espera, jamais ficará
desiludido. Jamais, jamais. É também uma virtude concreta. “Mas como pode ser
concreta, se eu não conheço o Céu e o que me espera?”. A esperança. A herança
mostra que é a esperança em algo, não é uma ideia, não é estar num belo
lugar...não. É um encontro. Jesus sempre destaca esta parte da esperança, este
estar à espera, encontrar.
Gravidez
No Evangelho de hoje (Lc
12,35-38), a esperança consiste no encontro com o senhor quando volta da festa
do casamento. Portanto, é sempre um encontro com o Senhor, algo concreto. E
para explicar, o Papa fez este exemplo:
Vem-me à mente, quando
penso na esperança, uma imagem: a mulher grávida, a mulher que espera uma
criança. Vai ao médico, mostra a ecografia – “ah, sim, a criança… tudo bem” …
Não! Está feliz! E todos os dias toca a barriga para acariciar aquela criança,
está à espera da criança, vive esperando aquele filho. Esta imagem pode nos
ajudar a entender o que é a esperança: viver para aquele encontro. Aquela
mulher imagina como serão os olhos do filho, como será o sorriso, como será,
loiro ou moreno...mas imagina o encontro com o filho. Imagina o encontro com o
filho.
Sabedoria dos pequenos encontros
Esta imagem, portanto,
pode nos ajudar a entender o que é a esperança e a nos fazer algumas perguntas,
prosseguiu Francisco:
“Eu espero assim,
concretamente, ou espero um pouco no ar, um pouco gnosticamente?”. A esperança
é concreta, é de todos os dias porque é um encontro. E todas as vezes que
encontramos Jesus na Eucaristia, na oração, no Evangelho, nos pobres, na vida
comunitária, todas as vezes damos um passo a mais rumo a este encontro
definitivo. A sabedoria de se alegrar com os pequenos encontros da vida com
Jesus, preparando aquele encontro definitivo.
Concluindo, Francisco
destacou ainda que a herança é a força com a qual o Espírito Santo “nos leva
avante com a esperança” e exorta a nos questionar se como cristãos esperamos
como herança um Céu abstrato ou um encontro.
(vaticannews)
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