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O altar e a cruz de Notre Dame de Paris
aparecem intactos após incêndio
Por Miguel Pérez Pichel
Depois
de horas de dura luta contra as chamas, à meia-noite de ontem, quando os
bombeiros conseguiram controlar o fogo, uma equipe de bombeiros pôde entrar na
catedral.
Como
mostram as fotografias e vídeos que circulam na Internet, um halo de luz
procedente das próprias chamas que devoravam a Catedral, introduziu-se por uma
das rosáceas do transepto, iluminando a escultura da Pietá, o altar e a cruz
dourada que fica na abside da catedral.
A imagem
tem um grande simbolismo: em meio aos escombros da abóbada destruída, entre a
fumaça e sob as chamas que continuavam consumindo o teto da catedral e
reduzindo-o a cinzas, continuavam de pé a imagem de Nossa Senhora com Jesus
morto nos braços, e a brilhante cruz dourada.
Esta
cruz, feita de madeira coberta revestida de ouro, é uma obra moderna do
escultor francês Marc Couturier. Foi instalada no mesmo lugar onde estava uma
cruz anterior que desapareceu no século XIX, durante os trabalhos de
reestruturação do interior da catedral para restaurá-la do grave dano sofrido
durante diferentes ondas revolucionárias e restaurar sua aparência gótica
original.
Está
localizada logo atrás do conjunto escultórico da Pietá, obra do século XVIII do
famoso escultor francês Nicolas Coustou, logo abaixo do presbitério, à frente
do corredor da abside da catedral.
Também
sobreviveu ao fogo a escultura conhecida como A Glória que faz parte do
conjunto idealizado por Couturier.
Por outro
lado, o altar também é uma obra moderna dos escultores, pai e filho, Jean e
Sébastien Touret. Ao contrário do antigo altar da Catedral, perto do conjunto
escultórico da Pietà no fundo da abside, este altar moderno, abençoado em 1989
e feito em bronze, está localizado logo abaixo do cruzeiro, onde se elevava o
pináculo destruído pelo incêndio e onde, como consequência do colapso, abriu-se
um buraco na abóbada.
Outras relíquias
A cruz, o
altar e a Pietà não são os únicos elementos de valor religioso e artístico que
resistiram ao incêndio. A Catedral guardava importantes relíquias e obras de
arte, algumas ligadas à Paixão do Senhor. Entre elas, pode-se destacar a Coroa
de Espinhos, um cravo de Cristo e um fragmento da Cruz de Cristo.
Todos os
três foram salvos das chamas. As relíquias, na verdade, são propriedade do
Estado francês, assim como a catedral, mas, por causa da Concordata com a Santa
Sé, são mantidos na sede da catedral.
Outro
elemento importante que parece ter sido salvo, embora o seu estado ainda deva
ser avaliado, é o órgão da Catedral, projetado pelo fabricante do século XIX
Aristide Cavaillé-Coll. Também os vitrais, alguns originais do século XIII
outras reproduções do século XIX, parecem ter resistido melhor que o esperado,
embora não se saiba se foram salvos em sua totalidade.
Além
disso, as bancas do coro do século XVIII, situadas no presbitério, parecem ter
sido salvas do fogo, embora possam ter sofrido danos graves devido às altas
temperaturas que poderiam ter afetado o verniz que a cobria.
Finalmente,
algumas das estátuas da fachada da Catedral foram desmontadas antes do incêndio
e foram transferidas para um centro de restauração, de modo que não foram
afetadas. Também cabe destacar que as famosas estátuas dos reis da Judeia que
adornam a fachada são reproduções, já que as originais góticas foram demolidas
durante as ondas revolucionárias do século XIX e decapitadas, e seus restos
estão expostos no Museu Cluny, em Paris.
(acidigital)
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