"O martírio é o ar da vida de um cristão, de uma comunidade
cristã. Sempre haverá mártires entre nós: este é o sinal de que estamos
seguindo o caminho de Jesus", disse Francisco na Audiência Geral desta
quarta-feira.
Mariangela Jaguraba - Cidade do Vaticano
A catequese da Audiência
Geral do Papa Francisco, nesta quarta-feira (11/12), na Sala Paulo VI, no
Vaticano, teve como tema, extraído do Livro dos Atos dos
Apóstolos, «Ainda um pouco, e você me convence a tornar-me cristão!» Paulo
prisioneiro diante do Rei Agripa.
Francisco continua a
viagem do Evangelho no mundo narrado pelo Livro dos Atos dos Apóstolos, e o
testemunho de Paulo é cada vez mais marcado pelo sigilo do sofrimento. “Paulo
não é apenas um evangelizador cheio de ardor, missionário intrépido entre os
pagãos que dá vida a novas comunidades, mas é também a testemunha sofredora do
Ressuscitado”, disse o Papa.
Paulo e
Jesus, ambos odiados pelos adversários
A chegada do Apóstolo a
Jerusalém, descrita no capítulo 21 dos Atos, desencadeia um ódio feroz contra
ele. Paulo é censurado: “Mas, este era um perseguidor! Não confiem!” "A
cidade é hostil, assim como foi para Jesus. Tendo ido ao templo, Paulo foi
reconhecido e levado para ser linchado. Foi salvo por um fio pelos
soldados romanos. “Acusado de ensinar contra a Lei e o templo, ele foi preso e
começa a sua peregrinação de encarcerado, primeiro diante do Sinédrio, depois
diante do procurador romano em Cesaréia e, por fim, diante do rei Agripa”,
sublinhou Francisco, acrescentando:
“Lucas evidencia a semelhança
entre Paulo e Jesus, ambos odiados pelos adversários. Jesus foi odiado pelos
seus adversários e Paulo a mesma coisa, acusados publicamente e reconhecidos
como inocentes pelas autoridades imperiais; e assim Paulo é associado à paixão
de seu Mestre, e sua paixão se torna um evangelho vivo.”
A seguir, o Papa recordou
o seu encontro, esta manhã, com os peregrinos ucranianos, de uma diocese na
Ucrânia.
“Quanto essas pessoas foram perseguidas; quanto sofreram pelo
Evangelho! Mas não negociaram fé. É um exemplo. Hoje, no mundo, na Europa,
muitos cristãos são perseguidos e dão a vida por sua fé, ou são perseguidos com
"luvas de pelica", ou seja, deixados de lado, marginalizados. O
martírio é o ar da vida de um cristão, de uma comunidade cristã.”
"Sempre haverá
mártires entre nós: este é o sinal de que estamos seguindo o caminho de Jesus.
É uma bênção do Senhor que haja no povo de Deus, alguém que seja testemunho de
martírio.”
A
apologia de Paulo é um testemunho eficaz de fé
Paulo é chamado a
defender-se das acusações e na presença do rei Agripa, a sua apologia se
transforma num testemunho eficaz de fé. Mesmo quando fala de si, Paulo anuncia
e manifesta o seu Senhor.
Depois, Paulo relata sua própria conversão: Cristo ressuscitado
o tornou cristão e confiou-lhe a missão entre as nações, “para que se convertam
das trevas para a luz, do poder de Satanás para Deus, e recebam o perdão dos
pecados e a herança entre os santificados pela fé em Cristo”.
Paulo obedeceu a essa
tarefa e não fez nada além de mostrar como os profetas e Moisés prenunciaram o
que agora anuncia: «que o Messias devia sofrer e que, ressuscitado por
primeiro dentre os mortos, ele devia anunciar a luz ao povo e aos pagãos». O
testemunho apaixonado de Paulo toca o coração do rei Agripa, que diz: «Ainda um
pouco, e você me convence a tornar-me cristão! » Paulo é declarado inocente,
mas ele não pode ser libertado porque apelou a César. Assim, continua a viagem
irreversível da Palavra de Deus em direção a Roma.
A partir desse momento, o
retrato de Paulo é o do prisioneiro cujas correntes são sinal de sua fidelidade
ao Evangelho e do testemunho dado ao Ressuscitado.
As correntes são
certamente uma provação humilhante para o apóstolo, que aparece aos olhos do
mundo como um “malfeitor”. Mas seu amor por Cristo é tão forte que mesmo essas
correntes são lidas com os olhos da fé; fé que para Paulo não é “uma teoria,
uma opinião sobre Deus e o mundo”, mas é “o impacto do amor de Deus em seu coração,
é o amor por Jesus Cristo”.
O Papa concluiu sua
catequese, dizendo que “Paulo nos ensina a perseverança na provação e a
capacidade de ler tudo com os olhos da fé. Peçamos ao Senhor, por intercessão
do Apóstolo, para reavivar a nossa fé e nos ajudar a ser fiéis até o fim à
nossa vocação de discípulos missionários”.
(vaticannews)
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