sábado, 15 de setembro de 2012

A crise



Todos falam da crise e não de crise!


Quando me criei, a minha família vivia com pouco dinheiro. A minha mãe era a "gestora" da casa e o meu pai, quem trabalhava. Dávamos muito valor a um par de sapatos e a um vestido novo, por serem coisa rara. Nunca faltou para comer, mas bolachas, só depois do jantar e em ocasiões de festa. Tudo parecia muito calmo: deveres religiosos cumpridos a preceito, disciplina familiar da época, escola, brincadeiras com os primos em casa da avó...

Os senhores ricos vestiam bem e geralmente eram gordos e passeavam-se com as esposas ao lado, magras e com cara de piedosas e infelizes.

Aprendi com os meus pais a apreciar as coisas que podíamos obter de graça, sem pagar, como: ter o mar e a costa fustigada pelas ondas, os banhos numa poça natural; o sol, as sombras, o mato com flores, árvores e trepadeiras; a noite, o luar e as estrelas que de tão perto pareciam querer tocar-nos - foi assim que me ensinaram as constelações... O convívio com outras pessoas, os jogos de cartas em casa; os passeios à noitinha até ao Cruzeiro ou ao Largo.

     ... também aprendi a repartir daquilo que tínhamos, quer com os de casa, quer com as pessoas de fora que necessitavam... Lembro-me das “saídas” que a minha mãe fazia de vez em quando a socorrer umas senhoras muito orgulhosas, de sangue azul, mas que passavam fome; só muito mais tarde é que soube quem eram...

     ... desde sempre me ensinaram muitas coisas sobre o amor, a amizade verdadeira, a ajuda, o perdão, a alegria pelas coisas simples, a religião e os princípios que agradam a Deus que me criou para eu ser feliz .

Depois “cresci” e vim a constatar como há gente muito má, a ponto de trair a família, o amigo, a injustiçar, maltratar por gosto, a matar, por ganância, prepotência, poder... e por isso  houve outra gente que lutou pelos direitos naturais preconizados por Deus e surgiu uma nova era, onde era suposto defenderem-se as pessoas. Não foi isso que aconteceu!

Agora sinto-me pior do que antes: velha, doente, com pouco dinheiro e sem a minha “gestora” e sem olhar o mar e o luar, sem querer partilhar e perdoar...
Parece que tudo se perdeu! Até os valores mais elementares do ser humano, aqueles que todos nós recebemos quando crianças. São eles que fazem toda a diferença... Estamos a passar por uma crise de valores.

O que me fica desta vida, é o coração moldado pelos meus pais e ter persistido  Naquele que nunca faltou no momento certo, que nunca deixou de responder aos meus gritos!
No meio desta confusão de vida, Deus continua me amparando, como se eu fosse uma rainha, porque é grande o Seu amor por mim: isto é TUDO.


PASSA UM BOM DIA


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