terça-feira, 26 de março de 2013

VIA-SACRA NO COLISEU DE ROMA – 2013.




DEPARTAMENTO PARA AS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS DO SUMO PONTÍFICE
PRESIDIDA POR SUA SANTIDADE
O PAPA FRANCISCO
SEXTA-FEIRA SANTA DO ANO 2013
MEDITAÇÕES preparadas por jovens libaneses sob a orientação do Senhor Cardeal Béchara Boutros Raï
Introdução
«Alguém correu para Ele e ajoelhou-se perguntando: "Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?"» (Mc 10, 17).
A esta pergunta, que arde no mais fundo do nosso ser, Jesus deu resposta percorrendo o caminho da cruz.
Contemplamo-Vos, Senhor, nesta estrada, sendo Vós o primeiro que a seguistes e, no fim dela, «lançastes a vossa cruz como uma ponte através da morte, a fim de que os homens pudessem passar da terra da morte para a da Vida» (Santo Efrém, o Sírio, Homilia).
A chamada, que fazeis para Vos seguir, é dirigida a todos, especialmente aos jovens e a quantos se sentem provados por divisões, guerras ou injustiças e lutam por ser, no meio de seus irmãos, sinais de esperança e obreiros de paz.
Por isso, colocamo-nos com amor diante de Vós, apresentamo-Vos os nossos sofrimentos, voltamos os nossos olhares e os nossos corações para a vossa Santa Cruz e, encorajados pela vossa promessa, rezamos: «Bendito seja o nosso Redentor, que nos deu a vida com a sua morte. Ó Redentor, realizai em nós o mistério da vossa redenção, pela vossa paixão, a vossa morte e ressurreição» (Liturgia Maronita).
I ESTAÇÃO: Jesus é condenado à morte
«Tomando novamente a palavra, Pilatos disse-lhes: "Então que quereis que faça daquele a quem chamais rei dos judeus?" Eles gritaram novamente: "Crucifica-o!" (…) Pilatos, desejando agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás; e, depois de mandar flagelar Jesus, entregou-o para ser crucificado». Mc 15, 12-13.15
Na presença de Pilatos, detentor do poder, Jesus deveria ter obtido justiça. Com efeito, Pilatos tinha o poder para reconhecer a inocência de Jesus e libertá-lo. Mas o governador romano preferiu servir a lógica dos seus interesses pessoais e cedeu às pressões políticas e sociais. Condenou um inocente para agradar à multidão, sem satisfazer a verdade. Entregou Jesus ao suplício da cruz, apesar de saber que era inocente… Antes lavara as mãos!
No mundo de hoje, existem muitos «Pilatos» que, nas suas mãos, detêm as rédeas do poder e usam-nas ao serviço dos mais fortes. Muitos são aqueles que, fracos e covardes face a estas correntes de poder, empenham a sua autoridade ao serviço da injustiça e espezinham a dignidade do homem e o seu direito à vida.
Senhor Jesus,
não permitais que sejamos do número dos injustos.
Não permitais que os fortes se comprazam no mal,
na injustiça e no despotismo. Não permitais que a injustiça leve os inocentes
ao desespero e à morte. Confirmai-os na esperança
e iluminai a consciência daqueles que têm autoridade neste mundo,
para que governem na justiça. Ámen.

II ESTAÇÃO: Jesus é carregado com a Cruz
«Depois de o terem escarnecido, tiraram-lhe o manto de púrpura e revestiram-no das suas vestes. Levaram-no, então, para o crucificar». Mc 15, 20
Os soldados, que Jesus Cristo tem pela frente, crêem ter todo o poder sobre Ele, ao passo que «por Ele é que tudo começou a existir, e sem Ele nada veio à existência» (Jo 1, 3).
Em todo o tempo, o homem acreditou que ele próprio podia substituir Deus e determinar por si mesmo o bem e o mal (cf. Gn 3, 5), sem referência ao seu Criador e Salvador. Julgou-se omnipotente, capaz de excluir Deus da vida própria e da dos seus semelhantes, em nome da razão, do poder ou do dinheiro.
Também hoje o mundo se curva a realidades que procuram expulsar Deus da vida do homem, como o laicismo cego que sufoca os valores da fé e da moral em nome duma suposta defesa do homem, ou o fundamentalismo violento que toma como pretexto a defesa dos valores religiosos (cf. Exort. ap. Ecclesia in Medio Oriente, 29).
Senhor Jesus,
a Vós que assumistes a humilhação e Vos identificastes com os fracos,
confiamos todos os homens e todos os povos humilhados e atribulados,
especialmente os do martirizado Oriente. Concedei-lhes que encontrem, em Vós,
a força para poderem carregar convosco a sua cruz de esperança.
Nas vossas mãos, colocamos quantos se extraviaram,
para que, por vosso intermédio, encontrem a verdade e o amor. Ámen.

III ESTAÇÃO: Jesus cai pela primeira vez

«Foi ferido por causa dos nossos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos salva caiu sobre ele, fomos curados pelas suas chagas». Is 53, 5
Aquele que sustenta na sua mão divina os luzeiros do céu e na presença do qual tremem as potestades celestes…, ei-lo que cai por terra, desprotegido, sob o jugo pesado da cruz.
Aquele que trouxe a paz ao mundo, ferido pelos nossos pecados, cai sob a carga das nossas culpas.
«Vede, ó fiéis, o nosso Salvador que avança pelo caminho do Calvário. Oprimido por amargos sofrimentos, as forças abandonam-no. Vamos ver este acontecimento incrível, que ultrapassa a nossa compreensão e é difícil de descrever. Os alicerces da terra foram abalados e um medo terrível se apoderou dos presentes quando o seu Criador e Deus foi esmagado sob o peso da cruz e se deixou conduzir à morte, por amor de toda a humanidade» (Liturgia Caldeia).
Senhor Jesus,
reerguei-nos das nossas quedas, reconduzi à vossa Verdade
o nosso espírito extraviado. Não permitais que a razão humana,
que criastes para Vós, se contente com as verdades parciais
da ciência e da tecnologia, sem cuidar de pôr-se as perguntas fundamentais
acerca do sentido da existência (cf. Carta ap. Porta fidei, 12).
Concedei, Senhor, que nos abramos à acção de vosso Santo Espírito,
para sermos por Ele conduzidos à plenitude da Verdade. Ámen.

(vatican.va)

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