Missa do Papa em Santa Marta
A cólera e o insulto ao irmão podem matar. Recordou o Papa Francisco na missa desta manhã, quinta-feira 13 de Junho, na capela da Domus Sanctae Marthae, comentando o trecho evangélico de Mateus (5, 20-26) da liturgia do dia, no qual se narra que quem quer que se irrite com o seu irmão deverá ser submetido a juízo. Com o Papa, no dia em que se completam três meses desde a sua eleição, estavam alguns diplomatas argentinos. Na primeira fila o pessoal da Embaixada junto da Santa Sé e o da embaixada na Itália, os representantes do país junto da Organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura (Fao) e junto da Soberana Ordem Militar de Malta (Smom) e os empregados do consulado argentino em Roma e em Milão.
Ao recordar São João que a propósito de quem expressa ressentimento e ódio em relação ao irmão na realidade, no seu coração, já o mata, o Papa frisou a necessidade de entrar na lógica do aperfeiçoamento, ou seja, «de rever a nossa conduta». Evidentemente, disse dirigindo-se aos irmãos em língua espanhola, recorda-se o tema «do desacreditar o irmão a partir das nossas paixões interiores. Na prática é o tema do insulto». Por outro lado, o Pontífice fez observar ironicamente quanto está difundido «na tradição latina» o recurso ao insulto, com «uma criatividade maravilhosa, porque inventamos um atrás doutro».
Esta reflexão tem a sua inspiração no trecho do evangelho do dia que, recordou o Papa, se coloca em continuidade com o sermão da montanha. Jesus, disse, «anuncia a nova lei. Jesus é o novo Moisés que Deus tinha prometido: darei um novo Moisés... E anuncia a lei.» Quando Jesus faz este sermão começa com uma frase: «a vossa justiça deve ser superior à que estais a ver agora, a dos escribas e dos fariseus. E se esta justiça não for «superior, perder-se-ão, não entrarão no reino dos Céus». Por isso aquele que «entra na vida cristã, aquele que aceita seguir este caminho, tem exigências superiores às de todos os outros». E aqui um esclarecimento: «Não tem vantagens superiores, não! Tem exigências superiores». E precisamente Jesus menciona algumas entre as quais «a exigência da convivência», mas depois indica também «o tema da relação negativa com os irmãos». As palavras de Jesus, frisou o Pontífice, não deixam vias de fuga: «Vós ouvistes que no passado foi dito: não matarás. Aquele que mata deve ser levado ao tribunal. Mas eu vos digo que todo aquele que se enfurece contra o seu irmão merece ser condenado e cada um que o insulta merece ser castigado pelo tribunal».
Em relação ao insulto, fez notar o Papa, Jesus é ainda mais radical e «vai muito mais além». Porque diz que quando já «começas a sentir no teu coração algo negativo» contra o irmão ou o exprimes «com um insulto, com uma maldição, ou com cólera, há algo que não funciona. Deves converter-te, deves mudar».
Em conclusão o Papa pediu ao Senhor a graça para todos de «estar um pouco atentos em relação ao que dizemos dos outros». Sem dúvida trata-se «de uma pequena penitência, mas dá bons frutos». É verdade que isto exige sacrifício e esforço, porque é muito mais fácil saborear «o fruto de um comentário saboroso contra o outro». Com o tempo esta «fome frutifica e faz-nos bem». Eis a necessidade de pedir ao Senhor a graça de «conformar a nossa vida com esta nova lei, que é a lei da mansidão, lei do amor, lei da paz», começando a «podar um pouquinho a nossa língua, a podar um pouquinho os comentários que fazemos acerca dos outros ou as explosões que nos levam ao insulto, à cólera fácil».
14 de Junho de 2013
[palavras-chave: Papa Francisco]
(osservatoreromano.va)
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