quarta-feira, 27 de abril de 2016

Chegou a hora dos leigos



 Na vida dos povos latino-americanos



mas parece que o relógio parou
Na vida dos povos latino-americanos «chegou a hora dos leigos, mas «parece que o relógio parou»: escreveu o Papa Francisco ao cardeal Marc Ouellet numa carta que reúne e aprofunda as reflexões que nasceram na plenária da Pontifícia comissão para a América Latina, presidida pelo purpurado no passado mês de março sobre o tema do «compromisso dos leigos na vida pública». Tema que para o Pontífice exige dos pastores a capacidade de «servir melhor o santo povo fiel de Deus», evitando o risco de teorizações contidas em «frases bonitas que não conseguem apoiar a vida das nossas comunidades».
«Olhar para o povo de Deus é recordar que todos fazemos o nosso ingresso na Igreja como leigos» afirmou o Papa recomendando que «ninguém foi batizado sacerdote nem bispo». Disto deriva que a Igreja não pode ser considerada «uma elite de sacerdotes, consagrados e bispos»: deformação que segundo Francisco alimenta a tentação do «clericalismo» e provoca o sufocamento daquele «fogo profético do qual a Igreja inteira está chamada a dar testemunho».
O Pontífice releva que na América Latina a «pastoral popular» representou «um dos poucos espaços em que o povo de Deus se libertou da influência do clericalismo». E evidenciou que «a fé do nosso povo, as suas orientações, buscas, desejos, anseios, acabam por nos manifestar uma genuína presença do Espírito». Neste sentido, deve ser encorajada a presença dos leigos na vida pública: isto «significa – afirmou o Papa – comprometer-nos no meio do nosso povo e, com o nosso povo, apoiar a sua fé e a esperança». Com a consciência de que o leigo comprometido não é só aquele que trabalha «em coisas de padres» mas é também a pleno título «o crente que muitas vezes queima a sua esperança na luta quotidiana para viver a fé».
«É ilógico e até impossível – afirmou Francisco – pensar que nós como pastores deveríamos possuir o monopólio das soluções para os múltiplos desafios que a vida contemporânea nos apresenta. Pelo contrário, devemos permanecer ao lado do nosso povo, acompanhando-o nas suas buscas e estimulando aquela imaginação capaz de responder à problemática atual».

26 de Abril de 2016

(Osservatoreromano)

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