Missa Santa Marta
Cidade do Vaticano (RV) – “Peçamos a graça que
o Senhor abrande os corações duros, fechados na Lei, corações que condenam
tudo”: foi a exortação de Francisco na missa celebrada
na manhã de terça-feira (02/05) na Casa Santa Marta.
Santo Estêvão é “testemunha de obediência” como Jesus, que obedeceu até o fim.
E justamente por isso foi perseguido.
Na homilia, o Papa
começou pela Primeira Leitura do dia, que narra o martírio de Santo Estêvão.
Aqueles que o lapidaram não entendiam a Palavra de Deus; Jesus os chama
“teimosos”, “pagãos no coração e nos ouvidos”. O Papa pediu para refletir sobre
os vários modos de não entender a Palavra de Deus. Por exemplo, Jesus chama os
discípulos de Emaús de “tolos”, porque não entendiam, tinham medo porque não
queriam problemas, mas “eram bons”, “abertos à verdade”. E quando Jesus os
repreende, deixam entrar suas palavras e seu coração se aquece, enquanto
aqueles que lapidaram Estêvão “estavam furiosos”, não queriam ouvir. Este é o
drama do “fechamento do coração”.
No salmo 94 o Senhor adverte o
seu povo, exortando a não endurecer o coração e depois, faz uma promessa
belíssima ao Profeta Ezequiel: trocar o coração de pedra por um de carne, ou
seja, por um coração “que sabe escutar” e “receber o testemunho da obediência”:
“A Igreja sofre muito, muito por isso: corações fechados, corações
de pedra, corações que não querem se abrir, que não querem ouvir; corações
que conhecem apenas a linguagem da condenação: sabem condenar, mas não sabem
dizer: ‘Explique-me, por que diz isto? Por que isto? Explique-me...’. Não: são
fechados, sabem tudo, não precisam de explicações”.
A repreensão que
Jesus faz é “Mataram os profetas porque diziam coisas que vocês não gostavam”,
recordou Francisco.
Um coração fechado não deixa o
Espírito Santo entrar:
“Em seus corações não havia
lugar para o Espírito Santo. A Leitura de hoje nos diz que Estêvão, cheio do
Espírito Santo, havia entendido tudo: era testemunha da obediência do Verbo feito carne,
como feito pelo Espírito Santo. Estava cheio. Um coração fechado, um coração
teimoso, um coração pagão que não deixa o Espírito Santo entrar e se sente
autossuficiente”.
Os dois discípulos
de Emaús “somos nós”, disse o Papa, “com tantas dúvidas, tantos pecados, que
tantas vezes queremos nos afastar da Cruz, das provações, mas abrimos espaço
para ouvir Jesus que nos aquece o coração”. Jesus disse muito, coisas piores
daquelas ditas por Estevão ao outro grupo, aos que são “fechados na rigidez da
lei e não querem ouvir”.
Francisco concluiu se referindo
ao episódio da adúltera, que era pecadora. “Cada um de nós – afirma – entra em
um diálogo entre Jesus e a vítima dos corações de pedra: a adúltera”. Àqueles
que queriam lapidá-la, Jesus responde apenas: “Olhem dentro de si”:
“Hoje, olhemos para a ternura
de Jesus: testemunha da obediência, Grande Testemunha, Jesus, que deu a vida,
nos mostra o carinho de Deus por nós, por nossos pecados e sofrimentos.
Entremos neste diálogo e peçamos a graçaque o Senhor abrande um pouco o
coração destes rígidos, daquelas pessoas que estão sempre
fechadas na Lei e condenam tudo o que é fora daquela Lei. Não sabem que o Verbo
veio em carne, que o Verbo é testemunho de obediência, não sabem que a ternura
de Deus
é capaz de transformar um coração de pedra, colocando em seu lugar um coração
de carne”.
(CM)
radiovaticana
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