segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Um flagelo
que estrangula e mata

· O Pontífice denuncia o problema da usura e invoca iniciativas de prevenção ·

3 de Fevereiro de 2018

A usura é «um flagelo» que «humilha e mata», um mal «antigo e infelizmente ainda submerso que, como uma serpente, estrangula as vítimas». Esta forte denúncia esteve no centro do discurso dirigido pelo Papa aos membros da Consulta nacional italiana antiusura, recebidos em audiência na manhã de 3 de fevereiro, na sala Clementina.
Recordando que até agora, graças ao trabalho da Consulta, vinte e cinco mil famílias foram salvas da pressão da dívida usurária, o Pontífice insistiu sobre a necessidade da prevenção, para tirar «as pessoas da patologia da dívida contraída para a subsistência ou para salvar a empresa». Uma prevenção que comece, antes de tudo, da redescoberta de um estilo de vida sóbrio e da recuperação de «uma mentalidade caraterizada pela legalidade e pela honestidade, nos indivíduos e nas instituições».
Para Francisco «a dignidade humana, a ética, a solidariedade e o bem comum deveriam estar sempre no cerne das políticas económicas postas em prática pelas instituições públicas» das quais, frisou, «se espera que desincentivem, com medidas adequadas, instrumentos que, direta ou indiretamente, são causa de usura, como por exemplo o jogo de azar».
Portanto, a usura é «um pecado grave» porque «mata a vida, espezinha a dignidade das pessoas, é veículo de corrupção e impede o bem comum». Mas também porque «debilita os fundamentos sociais e económicos de um país». Com efeito, explicou, «com tantos pobres, famílias endividadas, vítimas de crimes graves e pessoas corruptas, nenhum país pode programar uma séria retomada económica, e menos ainda sentir-se seguro». Por isso, desejou que «o Senhor inspire e sustenha as autoridades públicas, a fim de que as pessoas e as famílias possam usufruir dos benefícios de lei, como qualquer outra realidade económica», e «inspire e apoie os responsáveis pelo sistema bancário, para que vigiem sobre a qualidade ética das atividades dos institutos de crédito».
Depois, evocando os episódios evangélicos de Zaqueu e da conversão de São Mateus, o Pontífice concluiu com um apelo «por um novo humanismo económico, que ponha fim à economia da exclusão e da iniquidade».
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(osservatoreromano)

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