"Crer em Deus é, portanto,
crer na misericórdia"
“De
verdade é importante a experiência de relação que ali se manifesta – parábola
do filho prodigo – e se recompõe. (...) temos a oportunidade de
observar as nossas mesmas passagens, externas e interiores, e de olhar com
profundidade a nossa historia.” Assim inicia, Padre José Tolentino
Mendonça, sacerdote português que esta pregando o retiro ao Papa e seus
colaboradores.
Na
meditação sobre a parábola do filho prodigo, quando se refere ao
filho mais novo Padre Jose fala que “é uma historia que nos pega dentro. E
nesse espelho tem tudo: o desejo de liberdade do filho mais jovem, os seus
sonhos sem fundamento, os passos falsos, a fantasia da onipotência, a sua
incapacidade de reconciliar desejos e leis. Com um resultado previsível: o
vazio e a solidão. Se descobrira completamente sozinho”.
Fazendo
uma comparação, o filho mais velho, segundo o pregador ressalta que ele tem “a
dificuldade de viver a fraternidade, a recusa de alegrar-se do bem do outro, e
a incapacidade de viver a logica da misericórdia. Não consegue resolver a
relação com seu irmão, ainda cheia de agressividade, com uma barreira e
violência. E nem mesmo a relação com o Pai é totalmente integrada: ele nutre ainda
a expectativa da recompensa.”
“No
filho mais velho não é o problema com a lei, mas com a generosidade do amor. E
isto é uma das doenças dos desejos”. E afirma que todos nos somos também assim:
“ contradições de sentimentos. E esta completa ambivalência humana, é o maior
elogio da misericórdia de Deus, que a parábola, ilumina.”
E
afirma ainda, que “ dentro de nos, em verdade não existem somente coisas
bonitas, harmoniosas e resolvidas. Dentro de nos existem sentimentos
sufocados, tantas coisas que devem se tornar claras, doenças, inúmeros fios
para se conectarem. Existem sofrimentos, âmbitos que devem ser
reconciliado, memorias e fissuras que se devem deixar Deus curar.
A pergunta é: a que ponto nos deixamos
reconciliar? Mas reconciliar profundamente, com a logica do Evangelho, e no
mais profundo de nos?”
Reforçando
ainda mais a importância da misericórdia, afirma que “este excesso de amor que
Deus nos ensina, está em condições de resgatar-nos. Cada um de nós possui uma
riqueza interior, um mundo de possibilidades, mas também limites com os quais,
em um caminho de conversão, é necessário confrontar-se”.
Comparando
os desejos, afirma eu os errados, ou como define de “os desejos soltos – uma
realidade que o nosso tempo promove – desencadeia em nós movimentos errados e
irresponsáveis, a pura inconstância, o hedonismo e um redemoinho
enganador”. E que os verdadeiros “ao invés, é assinalado com uma
carência, uma insatisfação, de uma sede que vem de um principio dinâmico e
projetivo. I desejo é literalmente insaciável, pois aspira a isto que não pode
ser possuído: o senso. Assim, o desejo no se sacia: se aprofunda.”
Quando
chega especificamente na figura do Pai –na parábola- reflete o poder curador da
sua misericórdia. O Pai sabe que “tem dois filhos e entende que deve
relacionar-se com eles de modo diferente, reservar a cada um, olhares
diferentes”, cada um com os seus desejos. Nesta reflexão sobre o Pai, Padre
Jose diz:
“Jesus não perde tempo explicando a razão
porque o filho mais jovem quer ir embora, mas que o Pai aceita o espaço que o
filho pretende, acolhe o risco da sua liberdade, e simplesmente o ama. E que
depois no seu retorno, cobre de beijos aquela vida infeliz, e a faz
totalmente amável”.
E
não somente os desejos do filho mais novo deve ser curado pela misericórdia,
diz o pregador, mas também os do seu primogênito. “O Pai vai ao seu encontro. O
Pai da dignidade a indignação do filho mais velho, vai escuta-lo, sai, desce
para busca-lo. Essa misericórdia de escutar os outros até o fim. E a misericórdia
gera uma das mais belas declarações de amor que um Pai possa dedicar ao filho:
‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o
que é meu é teu”(Lc
15,31).
Para
concluir, afirma sobre a misericórdia: “A misericórdia é isso. Um dever a qual
ninguém nos obriga, mas uma obrigação que nasce da esperança. É o bem mais
precioso e deve ser vitoriosa sobre todas as mortes. Quem crê que a
misericórdia seja fácil, é porque nunca a viveu e nem a experimentou. A
misericórdia está entre as coisas mais exigentes e empenhativas. Porem não tem
vida sem misericórdia.
A misericórdia é um dos atos soberanos de
Deus. Crer em Deus é, portanto, crer na misericórdia”.
(vaticannews)
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