segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mãe, vamos festejar o Natal como antigamente...



Como Antigamente


Mãe,

vamos festejar o Natal

como antigamente. . .



Vamos à quinta buscar,

à quinta da Cascalheira,

o musgo verde da terra,

laranjas da laranjeira.



O musgo verde da terra,

laranjas d'oiro esmaltado,

nosso Presépio – e o Menino

numas palhinhas deitado.



Nosso Presépio e o Menino,

a Estrela em cima a brilhar,

na nossa Casa à ladeira

por trás das rochas do mar.



Na nossa Casa à ladeira,

a mesa posta no meio,

e a gente à espera do último

que tarda e ainda não veio.



A mesa posta no meio,

alegria, luz acesa,

fartura de Pão e Amor

à volta da nossa mesa.



Sinos tocando no escuro,

a prenda no Sapatinho,

nossa prenda nos teus olhos,

duas gotas de carinho.



Mãe,

vamos festejar o Natal

como antigamente

(com estes versos escritos,

com estes versos sentidos

à moda das velhas trovas

dos velhos tempos perdidos)

o Natal de nunca mais

de tantos que já lá vão

e desta dor que nos fica

metida no coração.



Mãe,

vamos festejar o Natal

como antigamente,

Mãe...



Dias de Melo, Na Noite Silenciosa,

Papelaria da Matriz, Ponta Delgada, 1973


(Agradeço ao José Gabriel Ávila esta maravilhosa prenda de Natal)

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