terça-feira, 23 de dezembro de 2008

SÍNODO DOS BISPOS, "NOVO PENTECOSTES", DIZ O PAPA



«Deus continua falando e responde nossas perguntas», afirmou

Por Inma Alvarez

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 22 de Dezembro de 2008 (ZENIT.org).- O sínodo dos bispos celebrado no mês de Outubro passado supôs a oportunidade de «experimentar que na Igreja há um Pentecostes também hoje», explicou Bento XVI em seu tradicional discurso de Natal à cúria romana.
Neste sínodo, «pastores procedentes de todo o mundo se reuniram ao redor da Palavra de Deus; (...) cuja grande manifestação se encontra na Sagrada Escritura».
Este Pentecostes se deve entender em dois sentidos, explicou o Santo Padre: por um lado, «a Igreja fala em muitas línguas, já que nela «estão representadas todas as grandes línguas do mundo».
Mas também é preciso entender em seu aspecto mais profundo: «nela estão presentes as múltiplas formas de experiência de Deus e do mundo, a riqueza das culturas, e só assim aparece a amplitude da existência humana e, a partir dela, a amplitude da Palavra de Deus».
«Contudo, compreendemos também que Pentecostes está ainda ‘a caminho’, está ainda incompleto: existem muitas línguas que ainda esperam a Palavra de Deus contida na Bíblia», acrescentou.
O mais importante do Sínodo, sublinhou Bento XVI, é «redescobrir o que no dia-a-dia damos com freqüência por descontado: o fato de que Deus fala, de que Deus responde nossas perguntas, o fato de que Ele, ainda que em palavras humanas, fala em pessoa e podemos escutá-lo e, na escuta, aprender a conhecê-lo e a compreendê-lo».
A Palavra de Deus «se dirige a cada um de nós, fala ao coração de cada um: se nosso coração se desperta e o ouvido interior se abre, então cada um pode aprender a escutar a palavra que se dirige a ele».
«Então percebemos novamente que – precisamente porque a Palavra é tão pessoal – podemos compreendê-la de forma correta e total só no ‘nós’ da comunidade instituída por Deus: sendo sempre consciente de que nunca poderemos esgotá-la completamente, que esta tem algo novo a dizer a cada geração.»
O pontífice expressou seu desejo de que «as experiências e as conquistas do Sínodo influenciem eficazmente na vida da Igreja».
Especialmente assinalou como pontos importantes «a relação pessoal com as Sagradas Escrituras, sobre sua interpretação na Liturgia e na catequese e também na pesquisa científica, para que a Bíblia não fique em uma palavra do passado, mas que sua vitalidade e atualidade sejam lidas e reveladas na amplitude de dimensões de seus significados».
Bento XVI destacou como momentos importantes do Sínodo especialmente a intervenção do patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, e o discurso do rabino chefe de Haifa, Shear-Yashuv Cohen. Ambas as intervenções não têm precedentes na história.
Com relação à primeira, o bispo de Roma sublinhou que foi «um momento importante para o sínodo, e mais ainda, para o caminho da Igreja em seu conjunto, quando o patriarca Bartolomeu, à luz da tradição ortodoxa, com análise penetrante, abriu-nos um acesso à Palavra de Deus».
Destacou também «os comovedores testemunhos de fiéis leigos de todas as partes do mundo, que não só vivem a Palavra de Deus, mas que também sofrem por ela».
Em resumo, «vimos que a mensagem da Escritura não permanece no passado nem pode ser limitada a ele: Deus, no fundo, fala sempre ao presente, e escutaremos a Bíblia plenamente só quando descobrirmos este ‘presente’ de Deus que nos chama agora», afirmou.
«Esta Palavra modelou uma história comum e quer continuar fazendo-o», concluiu o Papa.

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