Comentário
ao Evangelho segundo S. Marcos 10,28-31.
As riquezas, quer sejam materiais ou espirituais,
podem asfixiar-nos se não fizermos delas uma utilização adequada. Porque nem o
próprio Deus consegue colocar coisa alguma num coração que já está cheio. Mais
cedo ou mais tarde, inevitavelmente, reaparece o apetite pelo dinheiro e a
avidez por tudo o que o dinheiro pode proporcionar – a procura do supérfluo, do
luxo na comida, no vestuário e no entretenimento. As necessidades começam a
aumentar, uma coisa atrai a outra. Mas no fim fica-se com um sentimento
incontrolável de insatisfação. Permaneçamos tão vazios quanto possível para que
Deus possa preencher-nos.
Nosso Senhor é um exemplo vivo disto: logo no primeiro
dia da sua existência humana, conheceu uma pobreza que nenhum ser humano alguma
vez conhecerá porque, «sendo rico, tornou-Se pobre» (2Cor 8,9). Cristo
esvaziou-Se de toda a sua riqueza. É aqui que surge a contradição: se eu quiser
ser pobre como Cristo, que Se tornou pobre embora fosse rico, que devo fazer?
Seria uma vergonha para nós sermos mais ricos do que Jesus que, por nossa
causa, suportou a pobreza.
Na cruz, Cristo foi privado de tudo. A própria cruz
fora-Lhe dada por Pilatos; os pregos e a coroa, pelos soldados. Estava nu.
Quando morreu, despojaram-no da cruz, retiraram-Lhe os pregos e a coroa. Foi
envolto num pedaço de tecido dado por uma alma caridosa e foi enterrado num
túmulo que não Lhe pertencia. E isto quando poderia ter morrido como um rei ou
mesmo poupar-Se à morte. Mas Ele escolheu a pobreza porque sabia que ela é o
verdadeiro meio de possuir Deus e de trazer o seu amor para a terra.
(Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das
Irmãs Missionárias da Caridade)
(Evangelho Quotidiano)
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