Papa Francisco comenta a Solenidade de
Todos os Santos
e pede o fim da violência na República
Centro Africana
Apresentamos as palavras pronunciadas
pelo Papa Francisco antes de rezar o Angelus com os fiéis e peregrinos reunidos
na Praça de São Pedro neste domingo, 01 de novembro, Solenidade de Todos os
Santos.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia e
boa festa!
Na celebração de hoje, Festa de Todos os
Santos, sentimos particularmente viva a realidade da comunhão dos santos, nossa
grande família, composta por todos os membros da Igreja, tanto aqueles que
ainda peregrinam na terra, seja por aqueles – muito mais - que já a deixaram e
foram para o céu. Estamos todos unidos e isso se chama "comunhão dos
santos", que é a comunidade de todos os batizados.
Na liturgia, o livro do Apocalipse
recorda uma característica essencial dos santos: São pessoas que pertencem
totalmente a Deus. Os apresenta como uma multidão de "eleitos",
vestida de branco e marcada pelo "sigilo de Deus" (veja 7,2-4.9-14).
Através deste último detalhe, com linguagem alegórica é enfatizado que os
santos pertencem a Deus de maneira plena e exclusiva, são sua propriedade. E o
que significa levar o sigilo de Deus na própria vida e na própria pessoa?
Nos diz o apóstolo João: significa que em Jesus Cristo nós nos tornamos
verdadeiramente filhos de Deus (cf. 1 Jo 3,1-3).
Estamos conscientes deste grande dom?
Somos todos filhos de Deus! Lembramos que no Baptismo recebemos o
"sigilo" de nosso Pai Celestial e nos tornamos Seus filhos? Para
colocá-lo de uma forma simples: Trazemos o sobrenome de Deus, nosso sobrenome é
Deus, porque somos filhos de Deus. Aqui está a raiz da vocação à santidade! Os
santos que hoje recordamos são aqueles que viveram na graça de seu
Batismo, mantiveram intacto o "sigilo" se comportando como
filhos de Deus, buscando imitar Jesus; e agora alcançaram a meta, porque finalmente,
"veem a Deus como Ele é."
A segunda característica é que os santos
são exemplos a imitar. Mas atenção: não somente aqueles canonizados, mas
os santos, podemos assim dizer, "da porta ao lado", que, com a
graça de Deus esforçaram-se para praticar o Evangelho na vida cotidiana. Estes
santos também nós os encontramos, talvez tivemos alguém na família
ou entre os amigos e conhecidos. Devemos ser gratos a eles e, sobretudo,
devemos ser gratos a Deus que os deu essas pessoas, que os colocou ao nosso
lado, como exemplos vivos e contagiosos de viver e morrer na fidelidade
ao Senhor Jesus e ao seu Evangelho. Quantas pessoas boa conhecemos e dizemos:
"Mas essa pessoa é santa", dizemos espontaneamente. Estes são os
santos ao lado, ainda não canonizados, mas que vivem conosco.
Imitar os seus gestos de amor e
misericórdia é um pouco 'como a perpetuar a presença deles neste mundo. De fato
aqueles gestos evangélicos são os únicos que resistem à destruição da morte: um
ato de ternura, uma ajuda generosa, um tempo gasto na escuta, uma visita, uma
palavra gentil, um sorriso ... Aos nossos olhos, estes gestos podem parecer
insignificantes, mas aos olhos de Deus são eternos, porque o amor e a compaixão
são mais fortes do que a morte.
A Virgem Maria, Rainha de Todos os
Santos, nos ajude a confiar mais na graça de Deus, a fim de caminhar com
alegria na estrada para a santidade. À nossa Mãe confiamos o nosso empenho
cotidiano e pedimos por nossos entes queridos falecidos, na esperança de
nos reencontrar um dia, todos juntos, na comunhão gloriosa do Céu.
Apelo
Queridos irmãos e irmãs, os episódios
dolorosos que nestes últimos dias pioraram a situação delicada da República
Centro-Africana causaram em mim grande preocupação. Faço um apelo às partes
envolvidas para que ponham fim a este ciclo de violência. Estou próximo
espiritualmente aos Padres combonianos da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima,
em Bangui, que acolheram vários deslocados. Manifesto a minha solidariedade à
Igreja, às outras confissões religiosas e a toda a nação centro-africana, tão
duramente provada, que fazem todos os esforços para superar as divisões e
retomar o caminho da paz. Para manifestar a proximidade na oração de toda a
Igreja a este país aflito e atormentado, e exortar todos centro-africanos a
serem cada vez mais testemunhas da misericórdia e da reconciliação, no domingo,
29 de novembro, pretendo abrir a porta santa da catedral de Bangui, durante a
viagem apostólica que espero realizar a esta nação.
Depois do Angelus
Ontem, em Frascati, foi
beatificada Madre Teresa Casini, fundadora das Irmãs Oblatas do Sagrado Coração
de Jesus. Mulher contemplativa e missionária, que fez da sua vida uma oblação
de oração e caridade concreta pelos sacerdotes. Agradecemos ao Senhor por seu
testemunho.
Saúdo todos os peregrinos, provenientes
da Itália e de vários países; em particular, os da Malásia e de Valência
(Espanha).
Saúdo os participantes da corrida dos
Santos e da Marcha dos Santos, patrocinados, respectivamente, pela "Don
Bosco no Mundo" e pela associação "Família pequena igreja". Aprecio
estes eventos que oferecem uma dimensão de festa popular para a Solenidade de
Todos os Santos. Saúdo também o coro de San Cataldo, os jovens de Ruvo di
Puglia e de Papanice.
Esta tarde, irei ao cemitério
Verano, onde celebrarei a Santa Missa pelas almas dos
falecidos. Visitando o principal cemitério de Roma, uno-me espiritualmente
àqueles que nestes dias rezam nos túmulos de seus entes queridos, em todo o
mundo.
Desejo a todos paz e serenidade na
companhia espiritual dos santos. Bom domingo e por favor, não se esqueçam de
rezar por mim. Bom almoço e até logo!
(zenith.org)
Cidade do Vaticano, 01 de Novembro de
2015
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