“Francisco, Bispo
Servo dos Servos de Deus.
Ao Venerando Irmão João evangelista Pimentel lavrador, até
ao presente Bispo Titular de Luperciana e Bispo auxiliar da diocese do Porto,
constituído Bispo coadjutor da Sé Catedral de Angra, saúde e Benção Apostólica.
No exercício do importantíssimo múnus de Supremo Pastor de
todo o rebanho do Senhor, tendo em conta o pedido do Ex.mo Senhor D.. António
de Sousa Braga, SCJ, Bispo de Angra, que com insistência solicitou um Bispo que
o ajude no governo da grei a ele confiada, partilhando com ele as fadigas e a
autoridade, julgamos oportuno atribuir-lhe um Bispo Coadjutor.
Dado que tu, Venerando Irmão, dotado das devidas qualidades
e perito nas coisas sagradas, és considerado idóneo para desempenhar cargo de
tal natureza, segundo o parecer da
Congregação dos Bispos, com a Nossa autoridade suprema, liberto do vinculo da
Sede Titular de Luperciana e do referido cargo de Bispo Auxiliar, nomeamos-te
Bispo Coadjutor de Angra com todos os direitos, faculdades e obrigações
pertinentes.
Além disso, dispomos que esta carta seja divulgada junto do
clero e do povo daquela mesma Sede, cujos diletos filhos exortamos a que te
acolham de bom grado e te prestem o devido respeito.
Por fim, Venerando Irmão, procede de forma que, unido em
fraterna caridade ao solicito Pastor de Angra, ali possas dia após dia exercer
o teu ministério utilizando ao máximo o bom fogo da caridade (cfr S. Ambrósio,
in Ps 118,13,2: Pl 15, 1380), a qual possui a primazia entre as virtudes
Cristãs.
Que os dons do espírito Paráclito, sob a proteção de Nossa
Senhora de Fátima, te sustentem e te confortem sempre.
Dado em Roma, junto de S. Pedro aos 29 de Setembro do ano do
Senhor de 2015, terceiro do Nosso Pontificado.
Francisco”
(In: Boletim Paroquial de São Salvador da Sé)
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Ilhas são uma diocese de «pleno direito e com a mesma dignidade na Igreja em Portugal»
D. João é o 39º bispo da
Diocese de Angra e reclama a relevância para a Igreja no arquipélago. Natural
da Diocese de Coimbra, chega aos Açores como um "pobre Lavrador" que
quer "conhecer longamente", "ser açoriano com os
açorianos", "gerar comunhão", "convocar para a
participação", "valorizar a capacidades de cada um", "a
caminhar todos no mesmo sentido".
Agência Ecclesia – Após a
nomeação para bispo coadjutor de Angra, no dia 29 de setembro, que proximidade
foi criando em relação aos Açores?
D. João Lavrador – Perante o chamamento da
Igreja, no momento, digo prontamente ‘sim, eu vou’. Depois fico a interiorizar
o que o chamamento me quer dizer e ao que a resposta me obriga, o que aconteceu
em várias fases.
Primeiro fiquei perplexo porque não me sinto
profeticamente capaz, uma vez que a missão vai ser muito diferente da que tenho
tido até agora, tanto na vida presbiteral na Diocese de Coimbra como na equipa
episcopal da Diocese do Porto, onde o bispo está à frente e ampara o nosso
trabalho. Agora vai ser diferente, embora tenha a graça de contar com o senhor
D. António Braga, que estimo muito e desejo que esteja muito tempo!
Surge depois o sentido da fé, o reconhecer que
se Deus chama também dá a graça para podermos executar essa missão.
Surge uma segunda etapa, a nível interior:
começar a sonhar com os que ainda não conhecemos. Eu não conhecia praticamente
nada dos Açores. Tinha ido lá há anos, a S. Miguel, a convite de padre que foi
meu colega no Seminário de Coimbra, e há dois anos estive no Pico, numa
maravilhosa manifestação de fé em Jesus Cristo, no Santuário do Senhor dos
Milagres, e não tive mais contacto.
Comecei a reconhecer que as pessoas a quem eu
sou destinado já me pertencem. Na oração, na minha meditação e no sentido da
missão a que sou chamado, faço esta transição: estar ainda ligado à Diocese do
Porto, já a sentir a saudade de deixar tanta gente que contactei, e, ao mesmo
tempo, estar na ansiedade de encontro com os que estão do outro lado e a quem
eu me quero integralmente dedicar.
Por último, a proximidade de encontro com
diocese que me vai acolher e a quem me quero dedicar. Começa-se a sentir a
alegria e o entusiasmo da mudança de vida, uma vez que são formas de estar e de
viver diferentes, e da aprendizagem com o povo a ser da sua cultura, uma vez
que tem caraterísticas próprias à semelhança de outras regiões do país, e da
integração na Igreja que vou apreciando na sua profundidade e na sua
religiosidade, nomeadamente a centralidade a Jesus Cristo e a devoção profunda
ao Espírito Santo. Começo a sentir-me entusiasmado por este trabalho, assim me
queiram acolher nas minhas limitações.
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