Missa
Santa Marta
Cidade
do Vaticano (RV) – É preciso estar atento para não se afastar do Senhor em
busca de falsos ídolos e da mundanidade: esta foi a advertência feita pelo Papa
na homilia da missa celebrada na quinta-feira (30/03) na capela da Casa Santa
Marta.
O Pontífice se
inspirou no Livro do Êxodo para refletir sobre o “sonho e as desilusões de
Deus”. O povo, disse ele, é o “sonho de Deus. Sonhava porque amava”. Aquele
povo, porém, trai os sonhos do Pai e Deus “começa a se sentir desiludido” e
pede a Moisés para que desça da montanha onde subiu para receber a Lei. O povo
“não teve a paciência de esperar Deus” por 40 dias. Eles fizeram um bezerro de
ouro. Um deus “para se divertir” e se esqueceram do “Deus que os salvou”.
O profeta Baruc,
acrescentou Francisco, “tem uma frase que define bem este povo: ‘Vocês se
esqueceram de quem os criou’”:
“Esquecer Deus que nos criou, que nos fez crescer, que nos
acompanhou na vida: esta é a desilusão de Deus. E muitas vezes no Evangelho,
nas Parábolas, Jesus fala daquele homem que faz um vinha e depois faliu, porque
os operários a queriam para si. No coração do homem, há sempre esta
inquietação! Não está satisfeito com Deus, com o amor fiel. O coração do homem
está sempre orientado para a infidelidade. Esta é a tentação.”
Deus,
portanto, “por meio de um profeta, repreende este povo” que “não tem
constância, não sabe esperar, se perverteu”, se afasta do verdadeiro Deus e
busca outro deus:
“E há a desilusão de Deus: a infidelidade do povo… E também nós
somos povo de Deus e conhecemos bem como é o nosso coração e todos os dias
devemos retomar o caminho para não escorregar lentamente em direção aos ídolos,
às fantasias, à mundanidade, à infidelidade. Creio que hoje nos fará bem pensar
no Senhor desiludido: ‘Diga-me, Senhor, está desiludido comigo?’. Com certeza
sim, por algum motivo. Mas pensar e fazer esta pergunta”.
Francisco
recordou que Deus tem “um coração terno, um coração de pai”. E lembrou quando
Jesus chorou sobre Jerusalém. Por isso, devemos nos perguntar se “Deus chora
por mim?”, se “está desiludido comigo?”, se “me afastei do Senhor?”.
“Quantos ídolos tenho dos quais não sou capaz de me desfazer, que
me escravizam? Esta idolatria que temos dentro de nós… E Deus chora por mim. Pensemos hoje nesta desilusão de Deus que nos fez por amor e nós
vamos em busca de amor, de bem-estar, de conforto em outro lugar e não em Seu
amor. Nós nos afastamos deste Deus que nos criou. E esta é uma reflexão de
Quaresma. Isso nos fará bem. E isso, fazê-lo todos os dias; um pequeno exame de
consciência: ‘Senhor, que teve tantos sonhos para mim, eu sei que me afastei,
mas me diga onde, como voltar...’. E a surpresa será que Ele sempre nos espera,
como o pai do filho pródigo, que o viu chegar de longe porque o aguardava”.
(radiovaticana)
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