Tomando a palavra após a
meditação que teve como tema “O túmulo vazio e a Ressurreição” segundo o
Evangelho de São Mateus, o Pontífice agradeceu ao frade menor pela naturalidade
e a preparação com a qual os guiou na reflexão fazendo-lhe votos de que,
sobretudo, continue sendo um bom frade.
A página final de Mateus, a da
Ressurreição – que esteve no centro da reflexão desta sexta-feira –, é
finalmente uma página de respiro que revela o mistério cristão, comentou Pe.
Michelini.
Após a dor e a Paixão não se
encontra o fim, mas um novo início, que é a Ressurreição. Mas como anunciá-lo
ao homem de hoje?
Àquele homem que se mostra
ainda emblematicamente como o protagonista da história de Franz Kafka nas
Metamorfoses, Gregor Samsa, que acorda um dia transformado em inseto, sozinho,
fechado em si mesmo, ansioso e sem laços de afeto com a família? É preciso
partir novamente de Jesus homem e da sua mensagem:
“A
Ressurreição indica uma novidade real de Cristo em relação ao Jesus histórico,
claro; o seu corpo é um corpo pós-pascal. Mas é uma novidade que é antecipada
nos sinais históricos de Jesus pré-pascal. E onde quero chegar, com esta minha
tentativa de resposta? Que quando ouvimos dizer que ressuscitou, podemos partir
novamente do homem Jesus, de Jesus da Galileia, cuja mensagem é de libertação
do homem.”
Portanto, uma
mensagem de libertação para o homem de hoje que pode chegar até ele mediante
dois caminhos, ambos ressaltados e ilustrados pelo Papa Francisco: o empenho
cultural no aprofundamento das Escrituras e em sua nova explicação e o caminho
da caridade.
“Esforçar-nos
para entender melhor aquilo que os 27 Livros do Novo Testamento, e os outros
Livros do Antigo Testamento querem dizer, e para que possamos explicá-los
novamente, mediante – naturalmente – a vida da Igreja, a Liturgia, a homilia
que é o centro de tantos números da Evangelii Gaudium, mas através também do
empenho cultural. Mas outro caminho, se pudéssemos abrir o quarto onde Gregor
Samsa está trancado, é o da caridade. Se Gregor Samsa ao invés de ficar ali,
num esquálido quarto fechado – entenderam? Quero dizer: é um túmulo! –, se
fosse socorrido por alguém, teria reencontrado a sua humanidade. Ao invés de
inseto, talvez tivesse podido reconhecer algum traço de seu corpo humano.”
No Evangelho
segundo São Mateus o anúncio da Ressurreição é dado pelo Anjo. O frade menor
partiu daí para ressaltar que não basta o túmulo vazio, deve-se falar da
Ressurreição, a mensagem de Cristo Ressuscitado deve ser anunciada.
As palavras de
Mateus evidenciam também outra dimensão da Ressurreição, o perdão. Jesus Ressuscitado
quer encontrar os onze discípulos e os chama de “irmãos”, perdoou-os por tê-lo
abandonado; e os encontra na Galileia, “prostrados” e, ao mesmo tempo, “cheios
de dúvidas”.
No entanto,
aproxima-se deles, e a narração de Mateus conclui-se com as palavras: “Eu
estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”. Verdadeiramente, concluiu
Pe. Michelini, este é o “modo de fazer de Deus”, cuja Palavra é “capaz de
iluminar nossos limites e transformá-los em oportunidade”:
“O Pai de Jesus Cristo aproximou-se
de nós através de sua Palavra e o seu Filho que, de fato, no Evangelho segundo
São Mateus é chamado ‘Emanuel’, o Deus-conosco. E o Evangelho de Mateus termina
assim: ‘Eu estarei convosco, Emanuel, até o fim dos tempos’. Trata-se do maior
recurso que temos, apesar das nossas dúvidas e da nossa parte ruim e dos nossos
pecados.”
(RL/GC)
radiovaticana
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