Missa
Santa Marta
Cidade do Vaticano
(RV) – O Evangelho do dia, que narra o episódio do paralítico curado por Jesus,
foi o centro da homilia do Papa na missa celebrada na manhã desta terça-feira
(28/03), na Casa Santa Marta.
Um homem que estava
doente havia trinta e oito anos estava deitado na beira de uma piscina com
cinco pórticos, chamada Betesda em hebraico. Muitos doentes ficavam ali
deitados - cegos, coxos e paralíticos -, esperando que a água se movesse.
Diziam que quando um anjo descia e movimentava a água da piscina, os primeiros
doentes que entrassem, depois do borbulhar da água, ficavam curados de qualquer
doença que tivessem.
Jesus
viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe:
'Quer ficar curado?'
“É
belo, Jesus sempre nos diz ‘Quer ficar curado? Quer ser feliz? Quer melhorar a
sua vida? Quer estar cheio do Espírito Santo?’... a palavra de Jesus... Todos
os outros que estavam ali – doentes, cegos, paralíticos – disseram: ‘Sim,
Senhor, sim!’. Mas aquele homem, estranho, respondeu a Jesus: ‘Senhor, não
tenho ninguém que me leve à piscina quando a água é agitada. Quando estou
chegando, outro entra na minha frente’. Sua resposta é uma lamentação: ‘Veja,
Senhor, como é ruim e injusta a vida comigo. Todos os outros podem entrar e se
curar e eu tento há 38 anos, mas...’
“Este
homem – observa o Papa – era como a árvore plantada nos braços de um rio - como
diz o primeiro Salmo - ‘mas tinha as raízes secas’ e ‘as raízes não tocavam a
água, não podiam extrair saúde das águas’”:
“Isto
se entende pelo comportamento, pelas lamentações... sempre tentando dar a culpa
ao outro: ‘Mas são os outros que vão antes de mim, eu sou um coitadinho que
está aqui há 38 anos...”. Este é um pecado feio, o pecado da preguiça, que é
pior do que ter o coração morno, bem pior. É viver, mas ‘viver sem vontade de
ir avante, de fazer alguma coisa na vida; é perder a memória da alegria’. “Este
homem não conhecia nem de nome a alegria, a havia perdido. Isto é pecado, é uma
doença muito ruim”. ‘Mas eu estou bem assim, me acostumei... A vida foi injusta
comigo...’. “Sente-se o ressentimento, a amargura do seu coração”.
Jesus
não o repreende, mas lhe diz: ‘Levanta-te, pega a tua cama e anda’. O
paralítico se cura; mas era sábado, os Doutores da Lei lhe dizem que não lhe é
permitido carregar a cama e lhe perguntam quem o havia curado naquele dia. ‘É
contra a lei, este homem não é de Deus’. O Paralítico não tinha ainda
agradecido Jesus, não lhe havia nem perguntado seu nome. “Levantou-se com a
preguiça de quem vive porque o oxigênio é grátis”, disse o Papa.
“Daqueles
que vivem sempre vendo que os outros são mais felizes e vivem na tristeza,
esquecendo-se da alegria. A preguiça – explicou Francisco – é um pecado que
paralisa, que nos deixa paralíticos, que não deixa caminhar. Hoje também o
Senhor olha por todos nós; todos temos pecados, mas vendo este pecado, nos diz:
‘Levanta’”:
“Hoje
o Senhor diz a cada um de nós: ‘Levanta, pega a tua vida como ela é: boa, ruim,
como for, pegue-a e vá adiante. Não tenha medo, vai adiante, com a tua cama’.
‘Mas Senhor, não é o último modelo...’. ‘Vai avante! Com a cama ruim, mas
avante! É a sua vida e a sua alegria!’ “Quer ser curado? – é a primeira
pergunta que o Senhor nos faz hoje. ‘Sim, Senhor’. ‘Levanta’. E na antífona, no
início da missa, havia aquele trecho tão bonito: ‘Vós, que tendes sede, vinde
às águas – são grátis, não a pagamento – vinde e bebei com alegria’. E se
dissermos ao Senhor ‘Sim, quero ser curado; sim, Senhor, ajuda-me porque quero
me levantar’, saberemos como é a alegria da salvação”.
(radiovaticana)
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