Na catequese de quarta-feira (07/11), o Papa Francisco
prosseguiu o ciclo sobre os Dez Mandamentos, comentando o sétimo da lista,
"não roubar", à luz da sabedoria cristã.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O sétimo mandamento – não
roubar – foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta
quarta-feira (07/11) na Praça São Pedro.
Aos milhares de fiéis e
peregrinos, o Pontífice ampliou o conceito não se detendo ao furto ou ao
respeito da propriedade privada, mas explicou este mandamento sobre a posse à
luz da sabedoria cristã.
Indigência escandalosa
A Doutrina Social da
Igreja fala de destinação universal dos bens. Deus confiou a terra e os seus
recursos à gestão comum da humanidade.
“ O mundo é rico de recursos para garantir a todos os bens
primários. E mesmo assim muitos vivem numa escandalosa indigência e os
recursos, usados sem critério, vão se deteriorando. Mas o mundo é um só. A
humanidade é uma só! A riqueza do mundo hoje está nas mãos da minoria, de
poucos, e a pobreza, aliás, a miséria, é o sofrimento de muitos, da maioria. ”
A fome existe não porque
falta comida, mas pelas exigências de mercado, que às vezes chega a destruir
alimentos. O que falta, afirmou o Papa, é uma visão empreendedora livre e de
longo alcance, que garanta uma adequada produção, e uma estratégia solidária,
que garanta uma distribuição équa.
Dimensão social da riqueza
Usando os bens da
criação, diz o Catecismo da Igreja, o homem deve considerar as coisas que
possui não como próprias, mas também como comuns no sentido que possam
beneficiar não somente a ele, mas também aos outros. “Toda riqueza, para ser
boa, deve ter uma dimensão social.”
Nesta perspectiva, o
mandamento “não roubar” assume um significado positivo e amplo. A propriedade
de um bem – lê-se no Catecismo – faz do seu detentor um administrador da
providência de Deus» (n. 2404).
“ Ninguém é dono absoluto dos bens, é um administrador. A posse
é uma responsabilidade. Aquilo que possuo realmente é o que que sei doar. Esta
é a medida para avaliar como eu consigo ter as riquezas. Bem ou Mal. Esta
palavra é importante. Se posso doar, sou aberto, então sou rico, mas também na
generosidade. Generosidade é um dever. Se não posso doar algo é porque esta
coisa me possui, sou escravo, ela tem poder sobre mim. ”
O diabo entra pelo bolso
Enquanto a humanidade
está aflita para ter mais, Deus a redime fazendo-se pobre. O que nos faz ricos
não são os bens, mas o amor.
“Muitas vezes ouvimos o
que povo de Deus disse, o diabo entra pelo bolso. Primeiro vem o dinheiro, o
amor ao dinheiro, o afã de possuir, depois a vaidade e, por fim, o orgulho e a
soberba. Este é o modo de agir do diabo em nós, mas a porta de entrada é o
bolso.”
Francisco então concluiu:
“Queridos irmãos e irmãs,
mais uma vez Jesus Cristo nos revela o sentido pleno das Escrituras. ‘Não
roubar’ quer dizer: ame com os seus bens, aproveite dos seus meios para amar
como pode. Porque a vida não é tempo para possuir, mas para amar.”
(vaticannews)
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