Angelus
"Deus, que é amor, nos criou por amor e para que possamos
amar os outros permanecendo unidos a Ele. Seria ilusório pretender amar o
próximo sem amar a Deus. E da mesma forma seria ilusório pretender amar a Deus
sem amar o próximo", disse o Papa Francisco no Angelus deste domingo.
Cidade do Vaticano
Antes de rezar o Angelus com
os fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Papa Francisco propôs uma reflexão
inspirada no Evangelho de São Marcos 12, 28b-34.
Queridos irmãos e irmãs,
bom dia!
No centro do Evangelho
deste domingo, está o mandamento do amor: amor a Deus e amor ao próximo. Um
escriba pergunta a Jesus: "Qual é o primeiro de todos os
mandamentos?" Ele responde citando aquela profissão de fé com a qual
todo israelita abre e encerra seu dia e que começa com as palavras
"Escute, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor".
Desta forma, Israel
mantém sua fé na realidade fundamental de todo o seu credo: há um só Senhor e
esse Senhor é "nosso" no sentido de que ele está ligado a nós com um
pacto indissolúvel, nos amou, nos ama e nos amará para sempre. É desta fonte,
este amor de Deus, que deriva o duplo mandamento para nós: "Amarás o
Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua
mente e com toda a tua força. [...] amarás o teu próximo como a ti mesmo".
Ao escolher estas duas
palavras dirigidas por Deus ao seu povo e colocando-as juntas, Jesus ensinou de
uma vez por todas que o amor a Deus e o amor ao próximo são inseparáveis,
melhor ainda, mais, eles sustentam um ao outro. Mesmo se colocados em
sequência, eles são os dois lados de uma única moeda: vividos juntos, eles são
a verdadeira força do crente!
Amar a Deus é viver dele
e por ele, por aquilo que ele é e por aquilo que faz. E o nosso Deus é doação
sem reservas, é perdão sem limites, é relação que promove e faz crescer. Por
isto, amar a Deus quer dizer investir nossas energias todos os dias para ser
seus colaboradores no serviço ao próximo sem reservas, no buscar perdoar sem
limites e no cultivar relações de comunhão e de fraternidade.
O evangelista Marcos não
se preocupa em especificar quem é o próximo, porque o próximo é a pessoa que eu
encontro no caminho, nos meus dias. Não se trata de pré-selecionar o meu
próximo, isto não é cristão! Eu penso que o meu próximo é aquele que eu
pré-selecionei. Não, isto não é cristão, é pagão; mas se trata de ter olhos
para vê-lo e coração para querer o seu bem. Se nos exercitarmos em ver com o
olhar de Jesus, nos colocaremos sempre em escuta e ao lado de quem precisa. As
necessidades do próximo exigem certamente respostas eficazes, mas antes ainda
elas pedem compartilhamento.
Com uma imagem podemos
dizer que o faminto tem necessidade não apenas de um prato de sopa, mas também
de um sorriso, de ser ouvido e também de uma oração, quem sabe feita em
conjunto. O Evangelho de hoje convida todos nós a sermos projetados não somente
para as urgências dos irmãos mais pobres, mas sobretudo a estarmos atentos às
suas necessidades de proximidade fraterna, de sentido da vida e da ternura.
Isso interpela nossas comunidades cristãs: trata-se de evitar o risco de ser
comunidades que vivem de muitas iniciativas, mas de poucas relações; o risco de
comunidade "estações de serviço", mas de pouca companhia, no sentido
pleno e cristão deste termo.
Deus, que é amor, nos
criou por amor e para que possamos amar os outros permanecendo unidos a Ele.
Seria ilusório pretender amar o próximo sem amar a Deus. E da mesma forma seria
ilusório pretender amar a Deus sem amar o próximo. As duas dimensões do amor,
para Deus e para o próximo, em sua unidade, caracterizam o discípulo de Cristo.
Que a Virgem Maria nos ajude a acolher e testemunhar na vida de cada dia este
ensinamento luminoso.
(vaticannews)
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