Missa em Santa Marta
Em sua homilia na capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco
comentou o episódio evangélico da "purificação do templo" e convida
os fiéis a refletirem sobre o zelo e o respeito que reservam hoje às
"nossas igrejas".
Barbara Castelli – Cidade do Vaticano
O Papa Francisco iniciou
a sexta-feira (09/11) celebrando a missa na capela de sua residência, a Casa
Santa Marta.
Na homilia, ele comentou
o Evangelho do dia, extraído de João, explicando as motivações que levam à
agressividade de Jesus, que expulsa violentamente os mercantes do Templo. O
Filho de Deus é impulsionado pelo amor, “pelo zelo” que sente pela casa do
Senhor, “convertida num mercado”.
Os ídolos escravizam
Entrando no templo, onde
se vendiam bois, ovelhas e pombas, na presença dos cambistas, Jesus reconhece
que aquele lugar era povoado por idolatras, homens prontos a servir ao
“dinheiro” ao invés de “Deus”. “Por trás do dinheiro há o ídolo”, destacou
Francisco, os ídolos são sempre de ouro. E os ídolos escravizam:
Isso nos chama a atenção
e nos faz pensar em como nós tratamos os nossos templos, as nossas igrejas; se
realmente são casa de Deus, casa de oração, de encontro com o Senhor; se os
sacerdotes favorecem isso. Ou se parecem com os mercados. Eu sei... algumas
vezes eu vi – não aqui em Roma, mas em outro lugar – vi uma lista de preços.
“Mas como pagar pelos Sacramentos?”. “Não, é uma oferta”. Mas se querem dar uma
oferta – e devem dá-la – que a coloquem na caixa das ofertas, escondido, que
ninguém veja quanto está dando. Também hoje existe este perigo: “Mas devemos
manter a Igreja. Sim, sim, sim, realmente.” Que os fiéis a mantenham, mas na
caixa das ofertas, não com uma lista de preços.
Que as igrejas não se tornem mercado
O Papa Francisco adverte
também para a tentação da mundanidade:
Pensemos em algumas
celebrações de algum Sacramento talvez, ou comemorativas, onde você vai e vê:
não sabe se é um local de culto, a casa de Deus ou uma salão social. Algumas
celebrações que escorregam para a mundanidade. É verdade que as celebrações têm
que ser bonitas – bonitas –, mas não mundanas, porque a mundanidade depende do
deus dinheiro. É uma idolatria também. Isso nos faz pensar, e também no que diz
respeito a nós: como é o nosso zelo pelas nossas igrejas, o respeito que nós
temos ali quando entramos.
O templo do coração
O Pontífice refletiu
depois sobre a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, esclarecendo que
também o coração de cada um de nós representa “um templo: templo de Deus”.
Mesmo conscientes de sermos pecadores, portanto, cada um deveria interrogar o
próprio coração para verificar se é “mundano e idolatra”.
Eu não pergunto qual é o
seu pecado, o meu pecado. Pergunto se existe dentro de você um ídolo, se há o
senhor dinheiro. Porque quando existe o pecado há o Senhor Deus misericordioso
que perdoa se você vai até Ele. Mas se há o outro senhor – o deus dinheiro –
você é um idolatra, isto é, um corrupto: não mais um pecador, mas um corrupto.
O cerne da corrupção é justamente uma idolatria: é ter vendido a alma ao deus
dinheiro, ao deus poder. É um idolatra.
(vaticannews)
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