O dia da última quinta feira, foi
passado no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. O que lá nos
levou, foi uma exposição espanhola de Arte Sacra proveniente de
Valladolid, mas acabamos por ver todas as exposições.
Umas são esculturas, outras pinturas,
passando por mobiliário e peças de uso doméstico e acabando na
joalharia … Tudo marcado com o século XVIII.
Eu pensava, na minha ignorância, que
ia ver pintura que tentasse “reproduzir” a realidade dos
personagens... onde e quando viveram os seus protagonistas; gostaria
que fosse mais fidedigna, real, mas afinal a maior parte era
fantasia, ficção... Isto foi assim na mostra religiosa. Se um ateu
caísse na sala a que eu me refiro, fugiria escandalizado.
Por exemplo, eu vi um quadro pintado,
cujo tema era a “Virgem com os Santos” e esse encontro passava-se
numa paisagem idílica, em que a Virgem estava rodeada de pajens,
mulheres e homens vestidos como se fossem para um baile... que Mãe
do Céu esta! Que santos?
Santo Agostinho estava imponente com
uma capa bordada a ouro, olhar sobranceiro e os dedos cheios de
anéis. É este o nosso Santo?
Cristo flagelado, mas com um “ar”
muito altivo para o meu gosto!
A Sagrada Família de Nazaré, que
viveu na humildade, na simplicidade e no louvor a Deus, foi pintada
num palácio, mostrando grande riqueza.
Também vi Maria e João aos pés da
Cruz e gostei porque traduzia a realidade , a vivência em que se
passou aquela cena da paixão.
Fomos de seguida almoçar e passear
pelo jardim do Museu. Boa comida, sossego, o rio mesmo em frente com
barcos a cruzarem o seu leito, o céu azul … lindo mesmo!
Seguiu-se a opulência do interior das
casas: as baixelas de prata, de ouro, mobiliário do mais requintado,
jóias grandiosas ornadas de pedras preciosas …
Também havia uma proliferação de
custódias, estas, objectos sagrados porque foram usadas nos altares
da nossas Igrejas.
A mais emblemática era a Custódia de
Belém, que se encontrava em pedestal especial. Tão importante que
passavam vários grupos de alunos a estudarem-na. Claro que o Senhor
merece esta custódia e muito mais, mas o homem não tem dinheiro
para pagar uma melhor. Demos então o que Ele gosta: o nosso
coração!... e a custódia ficará lá na sua montra para ser
apreciada e estudada.
Eu sei que não entendo nada de arte.
Eu nunca vou a museus, não gosto. Mas fiz esta experiência e
gostei, mesmo criticando aqueles que inventaram, que pegaram em
personagens importantes da minha religião e deturparam o sentido, a
vivência, a realidade das mesmas.
Mas concordam comigo se eu afirmar: se
não fosse a Arte Sacra, que seria dos Museus?
PASSA
UM BOM DIA
(Coimbra,
18.02.2012)
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