"Dá-me de beber"
A Quaresma, na Igreja primitiva, além de ser
um tempo de penitência e de conversão,
era um tempo de preparação para os batizados,
que aconteciam no sábado santo, na Vigília Pascal.
Por isso, nesses três domingos, que antecedem a semana santa,
aparece o tema batismal com os símbolos:
- da Água, no diálogo com a Samaritana,
- da Luz, na cura do cego;
- da Vida, na ressurreição de Lázaro.
Hoje nos apresenta o símbolo mais importante, a ÁGUA,
que exprime o milagre renovado da VIDA.
Na 1a Leitura, o povo pede ÁGUA (Ex 17,3-7)
No deserto, o povo reclama revoltado contra Moisés,
pedindo água, para manter-se vivo: "Dá-nos água para beber..."
E Deus intervém, fazendo brotar milagrosamente água da rocha de Horeb.
* Moisés dá de beber a seu povo. É imagem de Cristo,
que no futuro dará a água da vida, que é o Espírito Santo
Na 2ª Leitura, São Paulo reafirma que Deus derrama sempre seu Amor
em nossos corações, como aconteceu com a Samaritana. (Rm 5,1-2.5-8)
No Evangelho, Jesus pede e oferece ÁGUA à Samaritana. (Jo 4,5-42)
- Jesus cansado... sedento... senta-se ao lado do poço de Jacó...
Uma mulher anônima... balde vazio... coração vazio... busca água...
- JESUS quebra preconceitos de raça, de sexo, de religião...
e toma a iniciativa: "Dá-me de beber".
- A Mulher estranha... (os apóstolos também): falar com samaritana e mulher...
- Do diálogo nasce a mútua compreensão.
A mulher descobre em si mesma uma sede mais profunda de amor,
pois apesar dos 5 maridos que já tivera, vivia um grande vazio...
E Jesus se revela como água viva, capaz de saciar qualquer sede humana...
- Inicialmente ela fica confusa... no final ela pede "dessa água".
Reconhece Jesus como "Salvador do Mundo",
o Templo onde Deus "deve ser adorado em espírito e verdade".
Abandona o "Velho balde" e corre para a cidade,
para anunciar ao povo a verdade que tinha encontrado.
+ O Caminho da Samaritana:
Esse Diálogo mostra a grande pedagogia de Jesus,
que se revela aos poucos, até chegar à manifestação plena.
- No começo, a mulher só pensa na água material (seus desejos, os maridos...)
- Aos poucos começa a compreender e aceitar a proposta de Jesus:
Inicialmente, ela vê nele apenas um judeu viajante;
depois, o chama de "Senhor"; em seguida, reconhece que é um Profeta;
No final, descobre nele o Messias esperado pelo povo.
- Abandona então o balde que dá acesso às suas propostas limitadas
de felicidade, e corre até a cidade para anunciar a sua descoberta.
Essa mulher desprezada, após escutá-lo como DISCÍPULA,
torna-se MISSIONÁRIA de Cristo, antes mesmo dos apóstolos...
+ A água do poço é símbolo de todas as satisfações humanas,
na esperança de encontrar nelas a nossa felicidade,
mas que no fim deixam sempre muito vazio e muitas desilusões...
= Essa água não satisfaz plenamente, todos os dias precisamos voltar ao poço...
+ A água de Jesus é o espírito de Deus, o amor que enche os corações.
Só Cristo mata definitivamente a sede de vida e felicidade do homem.
Essa água nos faz pensar também no BATISMO,
que foi o nosso primeiro encontro com Jesus.
+ O Prefácio resume em poucas palavras o episódio:
Ao pedir à Samaritana que lhe desse de beber, Jesus lhe dava o dom de crer.
E, saciada sua sede de fé, lhe acrescentou o fogo do amor".
+ O nosso caminho...
- No passado, o POÇO sempre foi um lugar de ENCONTRO.
- Os homens continuam ainda hoje procurando um Poço,
para saciar sua sede profunda de vida.
Buscam cada vez mais "coisas" para saciá-la e nada os satisfaz.
- Cristo continua vindo ao nosso encontro. Senta perto do nosso poço e nos diz:
"Quem tiver sede... venha a mim... e beba..."
- Antes de nos encontrar com Cristo, também nós estávamos
preocupados com nossos problemas, desejos, ambições,
e o nosso coração estava sempre repleto de tristeza e insatisfação.
Precisávamos todos os dias voltar ao poço e encher o nosso balde...
- Um belo dia, o encontro com Cristo aconteceu...
A conversa com esse "Jesus" despertou em nós uma curiosidade,
que nos levou a conhecer melhor a pessoa de Cristo e sua mensagem.
- No final da caminhada, encontramos essa água viva, prometida por Jesus.
Abandonamos então o "velho Balde" e sentimos a necessidade de correr
para anunciar a todos, como Missionários,
a nossa descoberta e a nossa felicidade...
Façamos nosso o pedido da Samaritana:
"Senhor, dá-nos sempre dessa água!"
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 27.03.2010
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