terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sentido cristão do sofrimento




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Este mês de Fevereiro, não só por celebrarmos, no dia 11, o Dia Mundial do Doente, mas porque celebramos, no dia 7, as Cinco Chagas de Cristo e porque, no dia 4, somos convidados a alegrar-nos pelo martírio cruento, com a degolação, de São João de Brito, queremos centrar o nosso dossier no «sentido cristão do sofrimento». Além disso, a 22 de Fevereiro começamos a viver a Quaresma, com um convite à conversão que só se consegue com mais oração e mais penitência, inserindo esta no plano salvífico da Cruz, por onde passou nosso Senhor Jesus Cristo Trata-se de olhar Jesus Crucificado, suas chagas, contemplar como a paixão de Cristo continua na vida e na doença de milhões de irmãos e irmãs nossos, e buscar no martírio de São João de Brito um exemplo maravilhoso para aprender a sofrer, para amar a dor como redentora, para conseguir coragem para ir ao encontro de quem sofre.

Jesus, o «homem das dores», foi «feito maldito e pecado na cruz», carregou as nossas dores e foi ferido por causa das nossas iniquidades. A sua vida, desde o nascimento no curral de animais, foi sempre «sinal de contradição» e mergulhada em muitas situações de dor, de fome e sede, de cansaço, de incompreensão, de perseguição e calúnia, de desprezo dos seus contemporâneos, de negações do discípulo Pedro e traição de Judas, dum processo doloroso e de verdadeira carnificina na longa Paixão, que acabou na Crucifixão e na Morte. Experimentado no sofrimento, Jesus ensina-nos e indica-nos o caminho da Cruz: «Quem quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz cada dia e siga-Me». Ensina-nos a arte de saber sofrer, saber assumir o valor salvífico e cristão da dor, qualquer que ela seja. N’Ele, a cruz e a dor são um tesouro de graça e de salvação.

Por outro lado, em Jesus e com Jesus, ao descobrirmos o sentido cristão do sofrimento, perceberemos também algo de extraordinário, ou seja: o que nos salvou e continua a salvar não é a dor pela dor, o sofrimento pelo sofrimento, mas o amor com que Ele sofreu, amor louco e apaixonado pelo Pai e por cada um de nós. Só o amor salva, só ele nos pode redimir, só ele é modo eficaz de sofrer com grandeza e dignidade, dando valor salvífico à dor. O sofrimento assumido em amor por Jesus, pela Igreja, pelo Reino, é salvífico, colabora na redenção, ajuda a salvar, a converter, a gerar vida e vida em abundância. Se percebermos que o sofrimento entendido assim é um tesouro, não nos lamentaremos, não esbanjaremos uma pérola como ele é, não o deitaremos fora, não nos revoltaremos. Encontramos, por amor, sentido para a dor, para o sofrimento.

Fazendo passar pelo nosso coração e a nossa oração os muitos milhões de doentes e de pessoas que sofrem horrivelmente e de maneiras tão difíceis e tão cruéis, tentaremos encontrar em cada uma dessas pessoas o rosto de Jesus que sofre fome e nudez, prisão e doença, calúnia e desemprego, solidão e depressão, etc. É Ele, o Senhor Crucificado, Aquele cujo corpo glorioso apresenta as Cinco Chagas, que está presente, que Se identifica com cada um dos homens e mulheres que sofrem, das crianças e dos velhinhos que sofrem. E se descobrimos o rosto do Crucificado e as suas chagas em cada pessoa doente e que sofre, saberemos amá-la, cuidar dela, ir ao seu encontro com um novo coração e uma alma nova.

Os mártires, como São João de Brito e tantos outros, ainda hoje às centenas e milhares, são um exemplo vivo do modo de ver com olhos novos o sentido cristão do sofrimento, ao ponto de se deixarem matar, de verterem o sangue por amor de Jesus. Não só precisamos de olhar para eles como exemplo e como fonte de força e de graça, mas de rezar por todos aqueles e aquelas que continuam a viver o seu martírio, tantas vezes com tiranias cruéis, com violência doméstica, com exploração criminosa, com falta de liberdade religiosa, com atropelos tremendos à vida e ao amor, vivendo suplícios de fome e sede, de espancamentos e violência sexual, de prisão onde vão morrendo aos pedaços. O nosso coração deve tornar-se universal para rezar por todos e a todos acolher com muito amor e solidariedade cristã.

A Quaresma, em que Jesus penitente e orante Se apresenta a nós como modelo último de amor, de desejo de salvação, de oferta redentora, de vítima em holocausto, é tempo privilegiado para sofrer com Ele para que outros tenham vida, para fazer penitência unidos a Ele para que a conversão se apresse, para aprender a viver crucificados ou aprender a morrer como o grão de trigo, para que a vida da graça e da santidade cresça no mundo, no coração de cada pessoa e de cada família. A conversão exige de nós mais oração e mais penitência. Jesus é nosso exemplo e os mártires convidam-nos a essa atitude de amor e de oferenda.

Dário Pedroso, s.j.
Revista “O Mensageiro”

2 comentários:

Bruna Dinis disse...

Olaa! Vi que encontrou o caminho em Coimbra, e eu também procuro o mesmo, mas não sei onde encontrar!! Gostaria de entrar pois fui às Jornadas a Madrid, pelo caminho, e gostei muito!! Também sou de Coimbra. Podia-me arranjar o número de telefone para falar com alguém que me ajudasse a entrar, ou então me dissesse quando começam as catequizações para eu poder entrar!! Obrigada

Caminhando disse...

Bruna, a paz. Só agora vi o teu comentário e curiosamente estou novamente em Coimbra. Podes ir às paróquias de Santo António dos Olivais e / ou Nossa Srª de Lurdes onde te poderão informar com mais propriedade sobre o início de catequeses. Se precisares de mais alguma coisa, diz, ok?
Abraço. Lúcia.