· Mísseis lançados por dois porta-aviões destruíram a
base de Al Shayrat ·
7 de Abril de 2017
Washington, 7. «Este ataque provoca um dano
notável nas relações russo-americanas, que já se encontram num estado
deplorável». Foram suficientes as poucas palavras pronunciadas hoje de manhã
pelo presidente russo, Vladimir Putin, para fazer entender o clima entre
Moscovo e Washington depois do ataque de mísseis americanos contra a base síria
de Al Shayrat. O líder do Kremlin não hesitou em classificar como «agressão
contra um Estado soberano que viola o direito internacional». Depois acusou:
com este ataque a Casa Branca procura «desviar a atenção da opinião pública das
numerosas vítimas entre a população civil de Mosul no Iraque». Moscovo pediu
uma reunião de emergência do Conselho de segurança.
Os americanos atacaram a base de Al Shayrat da qual – segundo as
informações do Pentágono – na terça-feira passada partiram os aviões sírios com
as armas químicas que mataram mais de oitenta civis em Khan Sheikhun. Antes de
atacar, os russos teriam sido avisados, mas sob este ponto não há confirmação
oficial alguma. Os mísseis – 59 Tomahawk – foram lançados de dois porta-aviões
ao largo do Mediterrâneo. De acordo com fontes militares sírias, as vítimas
seriam seis. Segundo o Observatório sírio para os direitos humanos (ong, voz da
oposição em exílio em Londres), teriam sido «dezenas os membros e os oficiais
das forças de Damasco assassinados e feridos» na base a cerca de 25 km a
sudoeste de Homs. Era a segunda maior base aérea da Síria. Além dos hangares
dos aviões, a base incluía um batalhão da defesa aérea, habitações de oficiais
e um depósito de combustível.
Da sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida, onde recebeu o
presidente chinês Xi Jinping, Donald Trump motivou a sua decisão afirmando que
«o ditador sírio Assad perpetrou um ataque terrível com armas químicas contra
civis inocentes, matando homens, mulheres e crianças. Para muitos deles foi uma
morte lenta e dolorosa. Inclusive crianças pequenas e belíssimas foram
assassinadas cruelmente neste ataque bárbaro. Criança alguma jamais deveria
sofrer tal horror».
Depois o presidente anunciou: «Hoje à noite ordenei um ataque
mirado contra a base da qual partiu o ataque químico. É um interesse vital dos
Estados Unidos prevenir e impedir a difusão e o uso de armas químicas mortais».
A Síria, acrescentou, «ignorou as advertências do Conselho de segurança da Onu»
porque «não se podem discutir as responsabilidades da Síria no uso das armas
químicas».
Sobre os factos de terça-feira passada, Moscovo tem uma versão
diferente. Para o Kremlin, os aviões de Assad estavam a atacar uma base do
chamado estado islâmico (Ei). As bombas teriam destruído um depósito no qual
armazenavam armas químicas que provocou a nuvem tóxica que matou dezenas de
civis. Precisamente por isso, Moscovo ameaçou o veto ao conselho de segurança
da Onu sobre uma resolução de condenação anti-Assad e criticou duramente Trump.
Muito diversa a posição dos países da Otan. A Turquia definiu
«positiva» a viragem dada por Trump, falando de «desenvolvimento importante e
significativo». A primeira-ministra britânica Theresa May declarou que se
tratou de uma «resposta adequada ao bárbaro ataque». Mais discreta a reação de
outros países europeus. A alta representante europeia para as relações
exteriores e política de segurança, Federica Mogherini, declarou que Bruxelas
«tinha sido informada da probabilidade de uma iminente viragem dos Estados
Unidos».
(osservatoreromano)
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