Audiência Geral
Cidade do Vaticano (RV) – Nesta Quarta-feira
Santa (12/04), o Papa concedeu audiência geral aos fiéis na Praça São Pedro.
Sol e temperatura de primavera aqueceram o encontro e, em sua catequese,
Francisco recordou o ingresso de Jesus em Jerusalém, celebrado no Domingo
de Ramos.
“Quem podia imaginar que aquele
que entrou triunfante na cidade teria sido humilhado, condenado e morto na
cruz?”, questionou Francisco aos fiéis. “As esperanças daquele povo se
desmancharam diante da cruz; mas nós cremos que precisamente Nele, crucificado,
a nossa esperança renasceu. Que esperança é essa?”.
A frase que pode nos ajudar a
entender esta esperança foi pronunciada justamente por Jesus depois de entrar
em Jerusalém: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer,
fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.
A esperança tem a forma de uma
semente
Jesus, explicou o
Papa, trouxe ao mundo uma nova esperança, com o formato de uma semente: se fez
pequeno, como um grão de trigo; deixou a sua glória celeste para vir entre nós:
“caiu na terra”. Mas não era suficiente.
“Se alguém de vocês
me perguntar: como nasce a esperança? Da cruz. Olhe para a cruz, olhe para
cristo crucificado e dali virá a esperança que jamais desaparece.”
A transformação da Páscoa
Para produzir
fruto, Jesus viveu o amor até o fim, deixando-se romper pela morte como uma
semente sob a terra. Justamente ali, no ponto extremo do seu abaixamento – que
é também o ponto mais alto do amor – brotou a esperança. Assim, na Páscoa,
Jesus transformou o nosso pecado em perdão, a nossa morte em ressurreição, o
nosso medo em confiança. Esta é a transformação da Páscoa. “Eis o porquê ali,
sobre a cruz, nasceu e renasce sempre a nossa esperança.”
“A esperança supera
tudo, porque nasce do amor de Jesus”, prosseguiu Francisco. Quando escolhemos a
esperança de Jesus, aos poucos descobrimos que o melhor modo de viver é o da
semente, do amor humilde. Não há outro modo de vencer o mal e dar esperança ao
mundo.
Cruz: única lógica que pode
vencer o mal
Parece uma lógica falida,
porque quem ama perde poder. Já para nós, possuir sempre nos leva a querer
sempre mais. “Quem é voraz jamais está satisfeito”, recordou o Papa. E Jesus
diz de modo claro: “Quem ama a própria vida a perde”, ou seja: quem ama o
próprio e vive por seus interesses, se enche de si e se perde. Quem ao invés
aceita, é disponível e serve os outros, salva si mesmo e se torna semente de
esperança para o mundo.
Contudo, a cruz é
uma passagem obrigatória, mas não é a meta: a meta é a glória, como nos mostra
a Páscoa. É como uma mulher que, para dar à luz, sofre no parto. “É o que fazem
as mães: dão outra vida. Sofrem, mas ficam felizes porque dão outra vida, dão sentido
à dor. O amor é o motor que move a nossa esperança”, repetiu três vezes
Francisco, que concluiu:
Lição de casa: contemplar o
Crucifixo
“Queridos irmãos e
irmãs, nesses dias deixemo-nos envolver pelo mistério de Jesus que, como grão
de trigo, morrendo nos doa a vida. Ele é a semente da nossa esperança. Quero
lhes dar uma lição de casa: Nos fará bem contemplar o Crucifixo e dizer-lhe:
Contigo nada está perdido. Contigo posso sempre esperar. Tu és a minha
esperança”. E convidou os fiéis a repetirem a última frase juntos: “Tu és a
minha esperança”.
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