Papa: nossa alma é migrante e a certeza da presença de
Deus nos dá esperança
Audiência Geral
Cidade
do Vaticano (RV) – A nossa é uma alma migrante e nossa existência é uma
peregrinação, um caminho, no qual nunca estamos sozinhos. E a promessa de
Jesus de que estará conosco até o fim, nos faz estar em pé com esperança, na
certeza de que Deus pode realizar aquilo que humanamente parece impossível.
O Papa
Francisco inspirou sua catequese da Audiência Geral desta quarta-feira na
passagem de Mateus, em que Jesus promete que estará conosco todos os dias, até
o fim do mundo.
Uma verdade reforçada também pelo
anúncio profético do nome que lhe será dado, “Emanuel”, que quer dizer, “Deus
conosco”. Este mistério de um Deus, portanto, cuja identidade é “estar com”, em
particular “conosco”.
“O nosso – frisou o Pontífice -
não é um Deus ausente, levado por um céu muito distante; é, pelo contrário, um
Deus “apaixonado” pelo homem, tão ternamente amante, a ponto de ser incapaz de
separar-se dele”:
“Nós humanos somos hábeis em cortar ligações e pontes. Ele, pelo
contrário, não. Se o nosso coração se esfria, o seu permanece incandescente. O
nosso Deus nos acompanha sempre, mesmo se por desventura nós nos esquecemos
d’Ele. Na linha
que divide a incredulidade da fé, decisiva é a descoberta de ser amados e
acompanhados pelo nosso Pai, de não sermos nunca deixados sozinhos por Ele”.
“A nossa existência
– disse o Papa - é uma peregrinação, um caminho”, e nossa alma, “é uma alma
peregrina”. A Bíblia, neste sentido, é repleta de histórias de peregrinos e
viajantes, como Abraão, por exemplo que recebeu de Deus a ordem “Saia da tua
terra!”.
“E o Patriarca
deixa aquele pedaço de mundo que conhecia bem e que era o berço da civilização
de seu tempo”. Mesmo que tudo conspirasse contra a sensatez daquela viagem,
“Abraão parte”:
“Não se torna homens e mulheres maduros se não se percebe a atração
do horizonte: aquele limite entre o céu e a terra que pede para ser alcançado
por um povo de caminhantes”.
E em seu caminho no
mundo, “o homem nunca está sozinho”, recorda Francisco. “Sobretudo o cristão não se sente nunca abandonado, pois Jesus nos
assegura não somente de nos esperar aos final de nossa longa viagem, mas de nos
acompanhar em cada um de nossos dias”, até o fim do mundo:
“Não existirá um dia de nossa vida em que deixaremos de ser uma
preocupação para o coração de Deus. E Deus, certamente proverá a todas as
nossas necessidades, não nos abandonará no tempo da provação e da escuridão.
Esta certeza pede para aninhar-se em nossa alma, para não apagar nunca. Alguém
a chama com o nome de “Providência””.
Não por acaso –
observa o Papa – entre os símbolos cristãos da esperança está a âncora,
“que exprime que a nossa esperança não é vaga, não é um sentimento
momentâneo de quem quer melhorar as coisas deste mundo de maneira irrealista,
partindo somente da própria força de vontade”. “A esperança cristã encontra sua
raiz na segurança daquilo que Deus prometeu e realizou em Jesus Cristo”.
“Por que temer?”
- pergunta o Santo Padre – se Ele garantiu nunca nos abandonar e se no
início de cada vocação existe um “segue-me”, “em que Ele no assegura de estar
sempre a nossa frente?”:
“Com esta promessa,
os cristãos podem caminhar em toda parte. Mesmo atravessando porções do mundo ferido, onde as coisas não
estão bem, nós estamos entre aqueles que também lá continuam a esperar”.
Se nós confiarmos
unicamente em nossas forças – considera Francisco – “teríamos razões em nos
sentirmos desiludidos e derrotados, porque o mundo muitas vezes se mostra
refratário às ligações de amor. Mas se em nós sobrevive a certeza de que Deus
não nos abandona, que Deus ama a nós e este mundo com ternura, então muda imediatamente a
perspectiva”.
“A promessa de
Jesus “Eu estou convosco” nos faz estar em pé com esperança, confiando de que o
bom Deus já está trabalhando para realizar aquilo que humanamente parece
impossível”.
“O santo povo fiel
de Deus – disse o Santo Padre na conclusão de sua catequese - é gente que sabe
estar em pé e caminha na esperança. E onde quer que vá, sabe que o amor de Deus
o precedeu: não existe lugar do mundo que fuja da vitória de Cristo
ressuscitado, a vitória do amor”.
(JE)
radiovaticana
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