Naquele
belo poema que ouvimos na vigília pascal, o autor do livro do
Génesis recorda-nos a obra da Criação e acaba-o contemplando:
«Assim foram terminados os céus e a terra… No sétimo dia, Deus
repousou de todo o trabalho por Ele realizado» (Gn 2, 1-2). É o
shabbat, o dia do Senhor, o dia em que, segundo a antiga Lei, ninguém
deveria trabalhar, «nem tu, nem os teus filhos e filhas, nem o
teu escravo ou escravo… nem o estrangeiro que está dentro das tuas
portas» (Dt 5,14). Todos somos chamados a parar, diante das
maravilhas da obra do Senhor Deus.
E
eis que Deus decide fazer novas todas as coisas (cf. Is 65,17). Na
sua bondade infinita, na sua misericórdia, perante o homem infiel e
esmagado pelos seus pecados, Deus decide enviar o Seu Filho, o Verbo
eterno, Jesus, Filho do homem e Filho de Deus, encarnado, morto e
ressuscitado por nós e para nossa salvação. É um novo “primeiro
dia”, em que Deus diz outra vez «Faça-se luz!»
(Gn 1,3), não a luz que destruiu o caos inicial mas a luz sem fim, a
luz que brilhará para sempre (cf. Ap 21,23). É a nova Criação que
se inicia.
«Este
é o dia que o Senhor fez», diz o Salmo 118 (Sl 118-117,24) que
cantamos ao longo de toda a semana pascal. Contudo, nesta nova
Criação, nós não somos apenas a mais bela manifestação do poder
do Criador («Deus viu que era muito bom», Gn 1,31), mas fazemos
parte do projeto. «Corpo de Cristo» (1 Co 12,27), «mortos e
ressuscitados» com Cristo (cf. Rm 6,4), somos também atores desta
salvação universal.
A
liturgia oferece-nos cinquenta dias “dos nossos” para
contemplarmos este “dia do Senhor”, para meditarmos e vivermos
esta pertença – cinquenta dias de Páscoa! Animemo-nos uns aos
outros para encontrarmos a nossa resposta pessoal a viver este apelo
de anunciarmos a luz da Ressurreição, de nos tornarmos caminho de
paz e de salvação para todos os homens e mulheres «por Deus
amados» (cf. Lc 2,14).
Com
os votos de um tempo pascal muito fecundo, a equipa de Evangelizo em
língua portuguesa.
(Evangelho
Quotidiano)
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