sexta-feira, 6 de abril de 2012

A MORTE DO SENHOR É FONTE DE VIDA


CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR 


Liturgia:
Is 52, 13 – 53, 12
Sl 30, 2.6.12-13.15-16.17.25
Hebr 4, 14-16; 5, 7-9
Jo 18, 1 – 19, 42
Comentário:
Morte, fonte de vida. Missão cumprida: «Tudo está consumado!». Jesus, «inclinando a cabeça, entregou o espírito» (Jo 19, 30). Trespassado pela lança, o coração de Jesus abriu-se, como se abre uma porta, e dele jorrou sangue e água. Os Santos Padres interpretaram este episódio da Paixão e morte do Senhor como imagem e fonte do Baptismo e da Eucaristia. A morte de Jesus, permanecendo um acontecimento tenebroso e trágico, é, simultaneamente, segundo o testemunho do evangelista, manancial a partir do qual tudo deve ser purificado e renovado. Também interpretação da «chaga do lado» como nascente da Igreja, que é, então, o espaço no qual se reconhece e se acredita ser o lugar onde se recebe a missão de comunicar a todos os homens o amor de Deus levado ao extremo.
Veneramos a cruz do Senhor. Ela é símbolo da nossa fé em Deus. Veneramos o mistério incompreensível do caminho escolhido por Deus para nos mostrar a imensidade do seu amor e para nos levar à reconciliação com Ele e com os irmãos. É bem verdade o que Jesus afirmou: «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo15, 13). A morte do Senhor não é apenas uma morte. É, simultaneamente, fonte de vida. Do seu «amor até à morte», recebemos aquilo que verdadeiramente nos faz viver: o amor de que, como Jesus (Jo 19, 28), temos sede, nós e todos os homens.
Jesus, irmão de todos os que sofrem. Jesus na cruz. Ele, ao lado de todos os crucificados: doentes e esfomeados, paralíticos, surdos, mudos e cegos, doentes mentais, os que choram, os ludibriados e desiludidos, torturados, vítimas da violência, desempregados, refugiados de guerra, os sozinhos e abandonados…
Jesus, «de condição divina, ...esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-Se semelhante aos homens e..., rebaixou-Se a Si mesmo, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz» (Fil 2, 6-8). Assim, consciente e voluntariamente, compartilhou a nossa vida, não apenas nos seus momentos felizes, mas também na dor. Aguentou até ao fim, podendo exclamar, vitorioso: «Tudo está consumado», e entregando-Se, em paz, nas mãos do Pai, ao expirar (Lc 23, 46).
Venceu. E disse-nos: «Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma» (Mt10, 28). «Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados» (Mt 10, 30). Não sabemos por que razão Deus permite o sofrimento. Aprendemos de Jesus como superar a dor, sem desalento. Facto é que Jesus partilha connosco o sofrimento, também nisso como autêntico irmão nosso. Podemos contar com muito pouca gente, nos momentos difíceis, ou mesmo com ninguém. Ele está sempre ao nosso lado. Suceda o que suceder, temo-lo pelo menos a Ele, sempre, em todas as circunstâncias, a alegrar-Se e a sofrer connosco. Por graça de Deus, possuímos uma dignidade que nada nem ninguém nos pode tirar.
No sofrimento, achamos em Deus, que está ao nosso lado, a força para lutar pela dignidade da nossa pessoa e da nossa vida. Como dizia Pascal, «Jesus está em agonia até ao fim do mundo». Está, sim, sofrendo com todos os oprimidos e condenados à morte, de todos os tempos e lugares. Está com todo o homem que sofre, a dar força para a luta contra a desistência e o desespero.
Voltemos os olhos para a cruz do Senhor, ao enfrentarmos as nossas cruzes!


(apostoladodaoração.pt)


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