segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cinquentena Pascal




O Tempo Pascal compreende cinquenta dias (em grego, pentecostes), vividos e celebrados como um só dia: «Os cinquenta dias que se prolongam desde o Domingo da Ressurreição até ao Domingo do Pentecostes celebram-se na alegria e exultação como um único dia de festa, melhor, como “um grande domingo”» (NG 22).
É o espaço mais «forte» de todo o ano, que se inaugura na Vigília Pascal e se celebra durante sete semanas, até ao Pentecostes. É a Páscoa de Cristo, o Senhor, que passou à sua existência definitiva e gloriosa. Também é a Páscoa da Igreja, seu Corpo, que é introduzida na Vida Nova do seu Senhor, por meio do Espírito que Cristo lhe deu no dia do primeiro Pentecostes.

A origem desta Cinquentena pertence às primeiras realidades da história do Ano Litúrgico. Os Judeus tinham já a «Festa das Semanas» (cf. Dt 16,9-10), festa inicialmente agrícola e, a seguir, comemorativa da Aliança no Sinai, aos cinquenta dias da Páscoa. Muito depressa, também os cristãos organizaram estas semanas, ou seja, o espaço do «Pentecostes». Já no século II temos o testemunho de Tertuliano que diz: neste espaço não se jejua, mas vive-se uma prolongada alegria – «no domingo da Ressurreição abstemo-nos de nos ajoelharmos… e o mesmo fazemos também durante o tempo do Pentecostes, que se distingue pela mesma solenidade de alegria» (De oratione 23). E o Concílio de Niceia: «dado que alguns se ajoelham no domingo e nos dias de Pentecostes, o Santo Concílio estabelece, a fim de observar-se uma regra uniforme em toda a parte, que as orações se dirijam a Deus estando de pé» (c. 20). A ausência de jejum e a posição erecta pretendem sublinhar o carácter festivo e unitário de toda a Cinquentena.

A reforma actual voltou a clarificar o carácter unitário das sete semanas da Páscoa. A primeira semana é a «oitava da Páscoa», na qual, por tradição, os neófitos recebem uma formação mistagógica intensiva, que termina no Do¬min¬go da Oitava, chamado «in albis», porque noutros tempos, nesse dia, os neófitos depunham as vestes brancas recebidas no Baptismo da noite pascal. Dentro da Cinquentena celebra-se a Ascensão do Senhor, não necessariamente nos quarenta dias da Páscoa, mas no sétimo domingo, porque a preocupação não é tanto cronológica mas teológica, e esta festa pertence simplesmente ao mistério da Páscoa do Se¬nhor. E tudo se conclui com a doação do Espírito no Pentecostes, tendo-se suprimido, portanto, a oitava do Pentecostes, que alongava desnecessariamente o Tempo Pascal.

A unidade da Cinquentena fica também sublinhada pela presença do Círio Pascal, aceso nas celebrações, e não só até à festa da Ascensão, como era costume, mas até ao final do domingo do Pentecostes. Os vários domingos deixaram de ser indicados como pós-Pascais – v.g., «Domingo III depois da Páscoa» –, mas, como domingos Pascais – v.g., «Domingo IV da Páscoa».
As celebrações litúrgicas desta Cinquentena exprimem e ajudam-nos a viver o Mistério Pascal comunicado aos seguidores de Cristo.

As leituras bíblicas da Missa, dos oito domingos deste Tempo, estão organizadas com esta intenção. A primeira leitura é sempre dos Actos dos Apóstolos (história de uma comunidade que, no meio das suas debilidades, quis viver e difundir a Páscoa de Cris¬to). A segunda leitura muda, segundo os três ciclos: a 1.ª Carta de Pedro, a 1.ª Carta de João e o Apocalipse. Os Evangelhos são os das aparições do Ressuscitado, segundo «o evangelista do ano» e, depois, os Evangelhos de João referentes ao Bom Pastor e à oração de despedida da Última Ceia.

No Leccionário Ferial das sete semanas, a primeira leitura é também dos Actos, e os Evangelhos abarcam as aparições do Senhor, e a leitura semicontínua de vários capítulos de João: o diálogo com Nicodemos, o discurso do Pão da Vida, a parábola do Bom Pastor e a oração da Última Ceia.

Dicionário Elementar de Liturgia

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