terça-feira, 30 de setembro de 2008

MACAU DESPEDIU-SE DOS BISPOS LUSÓFONOS – 1


Comunicado final do VIII Encontro das Presidências Episcopais
das Igrejas lusófonas
– Agência Ecclesia.

(Continuação)

3.A viva memória de Macau, como lugar chave da actividade missionária do Extremo Oriente e hoje como ponte e plataforma com a China, conduziu os participantes do Encontro à vontade de intensificar a vivência missionária como caminho essencial e consequente dos que se comprometem a ser discípulos de Jesus Cristo. Todos foram unânimes na urgência de acordar o espírito missionário católico nas consciências adormecidas e distraídas dos passos largos e belos a percorrer na aventura da evangelização. Não há precariedade de situações que justifique a ausência de acção missionária. Aliás o ardor generoso do anúncio faz sempre crescer a igreja local.
Graças à participação do bispo coadjutor de Hong-Kong, John Tong, e do bispo de Macau, José Lai, os bispos reunidos perceberam de modo mais agudo as dificuldades e projectos da Igreja para a evangelização na China. A abertura à prática religiosa, ainda sujeita a rigoroso controlo, motiva esperança para o paciente trabalho missionário. Um modo concreto de ajudar a uma positiva evolução consistirá na oferta de livros e de ocasiões de formação.
Os notáveis esforços das várias igrejas para corresponderem à missão evangelizadora têm implicado a proximidade dos pobres e o seu socorro nas aflições, pois como afirmou o Santo Padre Bento XVI, em Munique, “a questão social e o Evangelho são inseparáveis”. Pela imaginação da caridade importa prosseguir criando meios de pastoral social e interpelando os dirigentes perante os atentados aos direitos humanos, o tráfico de droga, o aumento da criminalidade, a corrupção sem freios e o descontentamento profundo do povo.

4.Os participantes verificaram os mecanismos do ambivalente processo da globalização, em curso acelerado. Esta etapa correspondente ao fim de um ciclo ideológico, exponenciado pelo neoliberalismo, revela-se na mundialização dos processos produtivos e respectivo mercado universal; no paradigma informacional, criador da sociedade em rede; na preponderância da visão económica sobre a política e a cultural, subjugando os Estados a interesses, sem ética e sem olhar de futuro.
Ao verificar como a globalização tem agravado os abismos entre pobres e ricos, com o capital a agir sem travões sociais que corrijam as desigualdades, os Bispos procederam a um discernimento deste processo contemporâneo. Pretendem acolher as vantagens, em ordem a uma solidariedade global, qual rosto humano da mundialização da vida. De facto, abrem-se enormes possibilidades para o desenvolvimento da subsidiariedade, tais como o crescimento da responsabilidade ecológica, o reconhecimento prático dos direitos universais ou o trabalho em rede, graças à tecnologia informática. Uma visão ética da situação do sistema globalizador valorizará o sentido da universalidade, como atitude a aprofundar nos cristãos. Mais disponíveis a esta visão deverão estar os jovens, fundamentais para o horizonte futuro. O diálogo intercultural como preparação para o entendimento religioso, sem imposições ou homogeneizações culturais, será um caminho a desenvolver. A missão universal da Igreja e a tarefa de a todos anunciar a salvação obriga os bispos a assumirem a hora presente, com o inconformismo aconselhado por S. Paulo, e com a amplitude da esperança que abre caminho nas actuais condições históricas.

5.As Presidências das diversas Conferências Episcopais registam o bom acolhimento pela comunidade local, realidade confirmada nas recepções oferecidas pela Direcção do Turismo, pelo Cônsul Geral de Portugal e de modo muito particular pelo Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau. Relevo merecem as palavras dirigidas por Édmond Ho no que concerne à liberdade religiosa a viver, respeitar e estimular.

(Continua)

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