segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MACAU DESPEDIU-SE DOS BISPOS LUSÓFONOS





Comunicado final do VIII Encontro das Presidências Episcopais das Igrejas lusófonas
alerta para o tráfico de pessoas
Agência Ecclesia.


1.O VIII Encontro das Presidências Episcopais das Igrejas lusófonas realizou-se em Macau, no Centro Diocesano de Convenções, de 24 a 28 de Setembro de 2008.

Participaram no Encontro 12 Prelados, como anunciámos anteriormente.
D. José Lai acolheu os participantes com fraterna simpatia e oriental encanto. Será inesquecível na memória grata de todos o modo generoso e eficaz como a diocese de Macau preparou o Encontro.
2.O Encontro constituiu um espaço de partilha sobre a realidade das Igrejas de cada país, na presente situação sócio-económica e política. A informação recolhida foi abraçada em comunhão de Igrejas. Alguns pontos mais sensíveis mereceram especial destaque.
2.1.A afluência repentina de pessoas às grandes cidades faz aumentar a pobreza e o desrespeito pelos direitos humanos, favorece a corrupção e a economia informal, dificulta a organização das comunidades cristãs e é terreno fértil para novos grupos religiosos, que usam a prosperidade como teologia e seduzem a população, ansiosa por bem-estar e com cultura religiosa débil.
2.2.As igrejas e os seus pastores continuam a seguir com dolorosa atenção o drama demasiado frequente do tráfico de pessoas, sobretudo crianças e mulheres, promovido por influentes grupos internacionais. Reconhecem o trabalho realizado por várias instituições, seja na denúncia, seja na resposta preventiva, seja, ainda, no acolhimento das vítimas.
2.3.Sente-se, por diversos indícios, e enfrenta-se, em vários locais, um movimento tendente a reduzir a influência da Igreja na sociedade. Existe, de facto, uma diferente concepção acerca da vida humana, da vivência da afectividade, do papel da estabilidade familiar e da educação para valores abertos à transcendência. Começa, no entanto, contraditoriamente, a evidenciar-se o papel da religião e das comunidades cristãs para uma feliz convivência social, assente na paz e na justiça, no respeito pela vida e numa educação sexual, determinada por afectos sadios.
2.4.Os bispos presentes congratulam-se com o aumento de vagas para estudantes africanos, abertas em universidades do Brasil, de Portugal e outros países. Pedem que se criem condições de dignidade humana (abrigo e alimentação) para esse momento de formação, trampolim fundamental para o desenvolvimento das comunidades de origem, às quais importa regressar. Ficou manifesta a necessidade de viabilizar o acompanhamento espiritual e religioso dos estudantes.
2.5.Os bispos consideram essencial proporcionar meios para o crescimento de uma reflexão filosófica e teológica sólida e, em diálogo com as culturas contemporâneas e locais, capaz de sustentar iniciativas pastorais e promover a qualidade da fé cristã do povo, perante as propostas de desenvolvimento que desprezam a visão integral do ser humano.
2.6.Os participantes auguram a auto-sustentabilidade das próprias igrejas, através de uma gestão eficaz, de uma educação para a partilha evangélica dos bens e de um real sentido de pertença. Essas condições permitirão privilegiar a formação de agentes pastorais, as necessárias deslocações de longo curso, bem como a manutenção de infra-estruturas. Foi apontado como caminho a constituição de fundos para ultrapassar a efemeridade das ajudas, bem como a organização de comunidades locais convertidas à lógica do dom.
2.7.Os bispos notam uma emergência do papel da sociedade civil nas responsabilidades sociais e políticas, geradora da participação de todos em soluções viáveis e que fraccione o monolitismo da informação presente em alguns países.

(Continua)

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