DOMINGO VI DO TEMPO COMUM – ANO B
Liturgia da Palavra
Lev 13, 1-2.44-46
Slm 31, 1-2.5.11
1 Cor 10, 31 – 11, 1
Mc 1, 40-45
Meditação
"Sofrer é viajar. A dor é uma chave. Jesus cura o leproso. Certamente que a doença fizera emigrar aquele homem para as lonjuras amargas do abandono, da solidão, da angústia de morte, da não-aceitação, do desespero, da revolta, da resignação e da desesperança. Leprosos eram gente intocável, para evitar o contágio. Eles próprios deviam prevenir quem se aproximasse de que eram «impuros». Se quisessem eles abeirar-se de pessoas com saúde, eram repelidos à pedrada.
A dor humana e o seu mistério! Apesar de todo o negativo e incompreensível que encerra, pode (e deve!) transformar-se em chave que, fechando portas até então escancaradas, abre outras que eram inacessíveis. Quem sofre (ou sofreu) sabe o que é a fraqueza humana, a dependência, a necessidade da presença amiga de auxiliares e companheiros de viagem. Dá-se conta de que há outros em situações similares ou muito mais graves. Talvez aprenda que deve fazer tudo para que outros não tenham que passar por momentos dolorosos como aqueles que experimentou. Talvez (e oxalá!) conclua que tem que haver Alguém – e só pode ser Deus – que dá sentido ao sofrimento, pois nem Jesus a ele foi poupado, sem Se escandalizar. Afinal, vale a pena sofrer! Que se sabe da vida, se não se passou pela dor? Quanta vez só resta gritar como o leproso: «Se quiseres, podes curar-me!» E Ele escuta, mesmo que só cure por dentro!
«Conheço a sua dor» (Ex 3, 7). Deus sabe dos destinos individuais e sofre, como sofre uma mãe que tem o filho doente. Deus recorre aos homens para ajudar outros homens. Como se serviu de Moisés para libertar da escravidão do Egipto o seu Povo eleito. O poder miraculoso de Deus, de Jesus Cristo, manifesta-se neste recurso divino a instrumentos humanos que ponham em prática o mandamento do amor ao próximo como a si mesmos, na linha do Samaritano que foi o único a ser o «próximo» para aquele que caiu em poder de salteadores, sendo por eles despojado, maltratado e deixado como morto (Lc 10).
Lidar com a dor, própria e alheia, dá-nos olhos novos, faz ver realidades nunca observadas, revela-nos a pessoa por inteiro, para lá do puramente exterior. Deus sofre com os que sofrem, tem compaixão, deseja para nós a alegria. Submetermo-nos à sua vontade significa confiar que Ele vê, com o coração, a nossa dor, e que nos quer curar. Jesus toca-nos (como ao leproso), para nos curar, com a sua Palavra e com o seu Corpo, na celebração da sagrada Eucaristia. E nós podemos tocá-Lo a Ele, no próximo que necessita de nós."
(Site dos Jesuítas)
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