segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

ESPIRITUALIDADE




Por: Chiara Lubich:

«Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.» (Jo 12, 24).

"Estas palavras de Jesus, muito mais eloqüentes do que um tratado, revelam o segredo da vida. Não existe alegria de Jesus que não seja fruto de uma dor abraçada. Não há ressurreição sem morte. Aqui Jesus fala de si mesmo e explica o significado da sua existência. Jesus morre na cruz.
A morte será dolorosa, humilhante. Por que morrer, justamente Ele que se definiu “Eu sou a Vida”? Por que sofrer, Ele que é inocente? Por que ser caluniado, esbofeteado, escarnecido, pregado numa cruz, a morte mais desonrosa? E sobretudo por que Ele, que viveu na união constante com Deus, haveria de sentir-se abandonado pelo seu Pai? Também Ele sente medo da morte. No entanto, ela terá um sentido: a ressurreição. Jesus tinha vindo para reunir os filhos de Deus dispersos, para derrubar toda e qualquer barreira que separa povos e pessoas, para irmanar os homens divididos entre si, para trazer a paz e construir a unidade. ..
"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto."
Aquele grão de trigo é Ele. Neste tempo … Ele se apresenta a nós do alto da cruz – seu martírio e sua glória – como sinal de amor extremo. Ali Ele doou tudo: aos carrascos, o perdão; ao ladrão, o Paraíso; a nós, sua mãe e o próprio corpo e sangue. Deu a sua vida até o ponto de gritar: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”.…
"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele fica só. Mas, se morre, produz muito fruto."
Esta Palavra dá sentido também à nossa vida, ao nosso sofrimento, à nossa morte, quando ela chegar. A fraternidade universal pela qual desejamos viver, a paz, a unidade que queremos construir ao nosso redor é um vago sonho, uma ilusão, se não estivermos dispostos a percorrer o mesmo caminho traçado pelo Mestre.
O que fez Ele para “produzir muito fruto”?
Compartilhou todo o nosso modo de ser. Assumiu sobre si os nossos sofrimentos. Connosco, Ele se fez trevas, melancolia, cansaço, contraste… Experimentou a traição, a solidão, a orfandade… Numa palavra: Ele “se fez um” connosco, carregando tudo aquilo que para nós era um peso. Assim devemos fazer também nós. Enamorados deste Deus que se faz nosso “próximo”, temos um modo para demonstrar-lhe a nossa imensa gratidão pelo seu infinito amor: viver como Ele viveu. E a nossa chance está em nos tornarmos “próximos” de quem passa ao nosso lado na vida, estando dispostos a “nos fazermos um” com ele, a abraçar a dor de uma divisão, a partilhar um sofrimento, a resolver um problema, com um amor concreto que sabe servir. Jesus no abandono se doou completamente. Na espiritualidade centralizada Nele, Jesus Ressuscitado deve resplandecer plenamente e a alegria deve testemunhar que isso é verdade."
Chiara Lubich ZP06041303

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