Tráfico de seres humanos, «um dos fenômenos mais vergonhosos»
VIENA, quinta-feira, 14 de Fevereiro de 2008 (ZENIT.org).
O arcebispo Agostino Marchetto, secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, interveio na quarta-feira no foro contra o tráfico de seres humanos convocado pelo Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Delito (UNODD), que se celebra em Viena de 13 a 15 de Fevereiro.
O prelado destacou … «o perigo real sofrido pelas numerosas pessoas que, ante a pobreza, assim como a falta de oportunidades e de coesão social, se vêem impulsionadas a deixar seus países de origem, buscando um futuro melhor». Sem esquecer que também há outros factores que contribuem para estender este crime, como os conflitos armados, a ausência de regras específicas e de estruturas sócio-culturais em alguns países, assim como a falta de conhecimento de seus próprios direitos por parte das próprias vítimas.
«A Santa Sé acompanhou constantemente a gravidade do tráfico de seres humanos», recordou Dom Marchetto, evocando o Papa Paulo VI que, em 1970, estabeleceu a Comissão Pontifícia – hoje Conselho – para o cuidado da Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, dedicando-se com especial esmero às vítimas deste crime, que são «os escravos da época moderna.»
Dom Marchetto apresentou também a decidida actividade da Igreja Católica naqueles países que sofrem violentos conflitos, como a República Democrática do Congo, a Serra Leoa e a Libéria, para salvar as crianças-soldado, que também acabam sendo vendidas.
«Trata-se não só de salvá-los de semelhantes horrores, mas também de curar suas feridas físicas e emocionais e de sustentar as famílias e comunidades. Admitindo que não existem soluções fáceis, a Santa Sé sublinha a importância de tutelar as vítimas do tráfico de seres humanos, de estabelecer penas justas para castigar este crime e de promover medidas.
Como conclusão, Dom Marchetto citou as palavras de Bento XVI em sua encíclica Spe Salvi: «A grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre. Isto vale tanto para o indivíduo como para a sociedade. Uma sociedade que não consegue aceitar os que sofrem e não é capaz de contribuir, mediante a compaixão, para fazer com que o sofrimento seja compartilhado e assumido mesmo interiormente é uma sociedade cruel e desumana» (n. 38).
(Enxerto da Conferência proferida pelo arcebispo Agostino Marchetto)
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