A luz se manifesta nas “boas obras”. Ela brilha através das boas obras praticadas pelos cristãos.
Você me dirá: mas não são apenas os cristãos os que praticam boas obras. Muita gente colabora com o progresso, constrói casas, promove a justiça…
Tem razão. Inclusive o cristão certamente faz, e deve fazer, tudo isso, mas não é unicamente esta a sua função específica. Ele deve realizar boas obras com um espírito novo, aquele espírito que faz com que não seja mais ele a viver, mas Cristo nele.
Com efeito, o evangelista Mateus não se refere apenas a atos de caridade isolados (como visitar os presos, vestir os nus ou cumprir todas as outras obras de misericórdia, atualizadas de acordo com as exigências de hoje), mas refere-se à adesão total do cristão à vontade de Deus, de modo a fazer de toda a sua vida uma boa obra.
Se o cristão age assim, ele é “transparente” e os elogios que receber por suas ações não serão atribuídos a ele, mas a Cristo nele; assim Deus se fará presente no mundo por meio dele. A tarefa do cristão, portanto, é deixar transparecer essa luz que habita nele, é ser o “sinal” da presença de Deus entre os homens.
“Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus.”
Se a boa obra de cada pessoa que tem fé apresenta essa característica, então também a comunidade cristã no meio do mundo deve ter a mesma função específica: revelar por meio de sua vida a presença de Deus, que se manifesta onde dois ou três estão unidos no seu nome, presença que foi prometida à Igreja até o final dos tempos.
A Igreja Primitiva dava grande destaque a essas palavras de Jesus. Principalmente nos momentos difíceis, quando os cristãos eram caluniados, ela os exortava a não reagir com a violência. O comportamento deles deveria ser a melhor contestação contra as acusações que lhes eram dirigidas.
Lê-se na carta a Tito: “Exorta também os jovens a serem ponderados. Em tudo, mostra-te modelo de bom comportamento, pela integridade na doutrina, linguagem sadia e irrepreensível, para que os nossos adversários, não tendo nada a falar de nós, sejam confundidos” (Tt 2,6-8).
“Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus.”
Também nos dias de hoje, é a vida cristã colocada em prática a luz para levar os homens a Deus.
Vou contar-lhe um pequeno episódio.
Antonieta era uma jovem que vivia em outro país por motivos de trabalho. Estava empregada num escritório onde muitos de seus colegas não levavam o trabalho a sério. Por ela ser cristã e reconhecer em cada próximo Jesus a ser servido, ajudava a todos e se mantinha sempre calma e sorridente. Com frequência alguém se irritava, levantava a voz e descarregava tudo nela, debochando: “Já que você tem vontade de trabalhar, tome, digite também o meu trabalho!”.
Ela não reclamava e trabalhava com afinco. Sabia que eles não eram maus; provavelmente cada um tinha os seus problemas.
Um dia, quando os outros funcionários não estavam, o chefe perguntou a ela: “Agora você vai me contar como faz para nunca perder a paciência e manter sempre esse sorriso”. Ela tentou se esquivar dizendo: “Procuro manter a calma e ver o lado bom das coisas”.
O chefe, batendo com força na mesa, exclamou: “De jeito nenhum! Isso certamente tem a ver com Deus; de outra forma, seria impossível! E pensar que eu não acreditava em Deus!”.
Alguns dias depois, Antonieta foi chamada à diretoria, onde lhe comunicaram que ela seria transferida para outro escritório “para que você possa transformá-lo – disse o diretor – do mesmo modo que transformou esse onde trabalha agora”.
“Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus.”
Chiara Lubich
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