segunda-feira, 9 de março de 2009

A ARTE DOS ÍCONES


"Eis o Cordeiro..."


Arte dos ícones convida à comunhão com Deus


Por: Claudia Soberón Bullé Goyri

ROMA, domingo, 8 de março de 2009 (ZENIT.org).- Aprender a arte dos ícones é aprender a arte da oração que leva à comunhão com Deus, explica o professor de iconografia que acaba de ministrar um curso em Roma, Fabio Nones.
Fabio Nones, doutor em teologia e diretor de um centro iconográfico em Trento (Itália), concluiu em 28 de fevereiro um curso avançado para um grupo seleto de artistas, no Centro Rússia Ecumênica, situado junto ao Vaticano, que permite descobrir o mistério dos ícones.
Em uma entrevista a ZENIT, Nones, que é membro da Comissão diocesana de Trento para o ecumenismo, explica a diferença entre um artista, no sentido comum da palavra, e o pintor de ícones.
«O artista que cria uma obra de arte busca comunicar seus sentimentos, sua visão do mundo. Enquanto que o pintor de ícones se chama iconógrafo. É uma vocação que busca expressar através das cores não tanto o que se sente, os sentimentos, mas a fé da Igreja, da comunidade cristã».
A pintura iconográfica, afirma o professor, que em seu laboratório realiza ícones, pergaminhos, afrescos e mosaicos, convida à oração, porque «a oração é comunhão com Deus, não é necessariamente só recitar fórmulas, mas viver em comunhão com a sua presença e, então, certamente ao pintar um ícone rezo para ter uma comunhão muito forte com Deus».
Este tipo de pintura, explica o doutor Nones, não é só para especialistas, mas é um convite a todos, porque «a arte está muito empobrecida no âmbito espiritual e as pessoas buscam o sagrado muito mais que a arte religiosa, como instrumento para a comunhão com Deus para chegar a Deus».
«O ícone é um instrumento muito forte, fascinante desde este ponto de vista», portanto «todos podem aproximar-se da técnica dos ícones, ao menos em um primeiro nível. E depois, claramente, durante o caminho, pouco a pouco, há quem compreende que está sendo chamado a converter-se em um verdadeiro iconógrafo, outros muitos não continuam». «Através da pintura de ícones se chega a descobrir o fundamento da fé».
Agora, não só constitui uma grande ajuda espiritual para quem pinta o ícone, mas também para o que o contempla, explica o mestre de iconografia canônica cristã.
«Isto é muito belo porque no cristianismo é Deus que sai ao encontro do homem, é Deus que se encarna e assume um rosto para Deus, mas que o reproduzimos, fazemos uso dele e uma possibilidade que Deus mesmo nos dá, ao ter assumido um rosto».
«Ou seja – explica o mestre –, Deus nos sai ao encontro e o ícone expressa isso: Deus nos encontra, ele nos contempla mais do que nós o contemplamos, e depois os olhares se entrelaçam».
A arte iconográfica não é uma reprodução da natureza em si mesma, obedece a uma lógica de cores e matizes que permitem ao observador ir mais além do evidente.
Nos ícones, o fundo é dourado, por exemplo, «porque expressa a glória de Deus. O fundo pode ser dourado claro ou inclusive avermelhado para expressar que o ícone está fora do tempo, não há uma paisagem ou ilusão ótica da distância, é atemporal».



Madona do Terceiro Milénio

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